| 31/01/2011 19h03min
No Egito desde quinta-feira, a funcionária pública gaúcha Denise Pergher, 53 anos, que vive em Florianópolis, presenciou o agravamento dos protestos na sexta-feira e no sábado, quando deixou a capital rumo a Luxor. Denise, que viaja com o filho Heitor, considera que a situação em Luxor está normalizada, após a cidade ter recebido protestos pequenos se comparados ao Cairo, epicentro da revolta egípcia. Veja trechos da entrevista que será publicada em Zero Hora nesta terça-feira, concedida desde um navio atracado no Rio Nilo em Luxor:
Zero Hora — Quando chegaste no Egito?
Denise Pergher — Cheguei na quinta-feira, ao Cairo. A situação ainda estava tranquila, mas no dia seguinte os protestos se agravaram, com tanques do exército na rua e muita violência, tanques e prédios queimados. Vi muito do tumulto porque perto do hotel onde estávamos houve muitos protestos, víamos as pessoas correndo nas ruas, ficamos sem respirar em um momento em que estávamos pegando o elevador e vazou gás lacrimogêneo para dentro do hotel.
ZH — Quantas pessoas há no navio?
Denise — Há cerca de 30 pessoas. São americanos, egípcios, canadenses e chilenos. Durante o dia, podemos sair do navio, mas à noite ficamos só aqui.
ZH - E como está a situação em Luxor?
Denise — Nos sentimos seguros porque na cidade a situação não é tão perigosa. Hoje pela manhã fomos visitar um templo e um vale e estava tranquilo, havia turistas nas ruas, nada do que estamos vendo pela CNN está acontecendo em Luxor. Houve protestos, mas foi uma coisa muito singela. Tem prédios no centro com os vidros quebrados, mas não sabemos se são prédios privados ou do governo.
Confira a cronologia dos incidentes:
De 17 a 20 de janeiro:
Um homem de 50 anos toca fogo em si mesmo em frente ao Parlamento, no Cairo, numa possível reprodução do suicídio de um jovem tunisiano em meados de dezembro que desencadeou a revolta e subsequente derrubada do presidente Zine El Abidine Ben Ali. Nos dias seguintes, mais três egípcios fazem o mesmo — um deles, de 25 anos, não resiste aos ferimentos e morre.
Foto: Martin Bureau, AFP
Dia 25:
Insuflados pelo líder da oposição, Mohamed ElBaradei, milhares de pessoas tomam as ruas do Egito pedindo a renúncia do presidente do país, Hosni Mubarak. Nos confrontos com a polícia, dois manifestantes morrem em Suez e um policial é morto no Cairo.
Dia 26:
As manifestações se espalham dos grandes centros para cidades menores, aumentando em número e violência. No Cairo, um policial e um manifestante são mortos, enquanto em Suez 55 protestantes e 15 homens da força anti-motim são feridos.
Dia 27:
Diante do saldo violento, com mais um jovem morto em Sinai, a Casa Branca cobra providências do governo do Cairo para evitar os embates, enquanto a União Européia chama atenção para o direito de protestas da população.
Dia 28:
O saldo da violência chega a 13 mortos, centenas de feridos e quase mil presos. Os protestos aumentam e manifestantes tocam fogo no prédio do governo em Alexandria e na sede do Partido Democrático Nacional. Os serviços de internet são derrubados e ElBaradei diz que está pronto para liderar a transição, enquanto Mubarak impõe toque de recolher e promete reformas.
Foto: Reprodução, Egyptian TV
Dia 29:
O presidente egípcio, Hosni Mubarak, designou um vice-presidente, o chefe da inteligência Omar Suleiman, pela primeira vez em 30 anos, e um novo primeiro-ministro, ambos com cargo de general, para tentar sufocar a rebelião já deixa mais de 90 mortos.
Manifestantes se reúnem perto de tanques do exército na praça Tahrir, no centro do Cairo
Foto:
Miguel Medina
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AFP
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