| 31/01/2011 11h16min
A emissora estatal egípcia anunciou nesta segunda-feira que o presidente Hosni Mubarak formou um novo governo no país. Ele teria empossado os novos membros de seu gabinete por meio de decreto, substituindo o governo dissolvido na sexta-feira como uma concessão ao protesto social sem precedentes que assola as principais cidades do país.
Contudo, é pouco provável que a mudança satisfaça às dezenas de milhares de manifestantes que têm saído às ruas desde a semana passada, exigindo o fim do regime totalitário do presidente.
Na mudança mais significativa, o ministro do Interior — responsável pelas forças de segurança — foi substituído. O general de polícia aposentado Mahmud Wagdi foi nomeado no lugar de Habib el-Adly, amplamente criticado pelos manifestantes devido à brutalidade pelas forças de segurança.
Quando Mubarak anunciou a dissolução do governo anterior e designou o chefe de inteligência Omar Suleiman como vice-presidente, os manifestantes entenderam o passo como uma tentativa do presidente de se agarrar ao poder. Mubarak governa o Egito de maneira autoritária há quase 30 anos.
A nova composição do gabinete inclui várias figuras fiéis do regime do presidente, mas eliminou um número de empresários de destaque que ocupavam cargos e haviam desenhado as políticas econômicas liberais das últimas décadas. Muitos egípcios se queixavam da influência dos políticos e milionários, que eram aliados próximos do filho do presidente, Gamal Mubarak, visto como o herdeiro do governo.
Confira a cronologia dos incidentes:
De 17 a 20 de janeiro:
Um homem de 50 anos toca fogo em si mesmo em frente ao Parlamento, no Cairo, numa possível reprodução do suicídio de um jovem tunisiano em meados de dezembro que desencadeou a revolta e subsequente derrubada do presidente Zine El Abidine Ben Ali. Nos dias seguintes, mais três egípcios fazem o mesmo — um deles, de 25 anos, não resiste aos ferimentos e morre.
Foto: Martin Bureau, AFP
Dia 25:
Insuflados pelo líder da oposição, Mohamed ElBaradei, milhares de pessoas tomam as ruas do Egito pedindo a renúncia do presidente do país, Hosni Mubarak. Nos confrontos com a polícia, dois manifestantes morrem em Suez e um policial é morto no Cairo.
Dia 26:
As manifestações se espalham dos grandes centros para cidades menores, aumentando em número e violência. No Cairo, um policial e um manifestante são mortos, enquanto em Suez 55 protestantes e 15 homens da força anti-motim são feridos.
Dia 27:
Diante do saldo violento, com mais um jovem morto em Sinai, a Casa Branca cobra providências do governo do Cairo para evitar os embates, enquanto a União Européia chama atenção para o direito de protestas da população.
Dia 28:
O saldo da violência chega a 13 mortos, centenas de feridos e quase mil presos. Os protestos aumentam e manifestantes tocam fogo no prédio do governo em Alexandria e na sede do Partido Democrático Nacional. Os serviços de internet são derrubados e ElBaradei diz que está pronto para liderar a transição, enquanto Mubarak impõe toque de recolher e promete reformas.
Foto: Reprodução, Egyptian TV
Dia 29:
O presidente egípcio, Hosni Mubarak, designou um vice-presidente, o chefe da inteligência Omar Suleiman, pela primeira vez em 30 anos, e um novo primeiro-ministro, ambos com cargo de general, para tentar sufocar a rebelião já deixa mais de 90 mortos.
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2011 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.