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 | 11/07/2011 11h52min

Tratamento para emagrecer considera obeso como dependente químico

Endocrinologista defende que obesidade seria, na maioria das vezes, vício a conservante presente nos alimentos industrializados

Jaqueline Crestani, Especial

E se grande parte das "teorias" de que os quilos a mais seriam culpa da genética, do metabolismo lento, da ansiedade ou do desleixo com a alimentação não fosse verdade? É este o questionamento proposto pelo médico João Mano José Junior. O endocrinologista defende que a obesidade, na maioria das vezes, é uma dependência química a uma substância presente nos alimentos industrializados semelhante ao vício em drogas ou álcool.

— Baseio meu trabalho em um estudo que vem sendo realizado desde a década de 70 na Universidade de Oxford. A tendência da pesquisa é mostrar que a química industrial seria responsável por um desajuste no centro da fome e saciedade, causando, assim, o vício a uma substância. Ainda não está comprovado, mas, provavelmente, o culpado seria o conservante citrato de sódio — explica.

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Segundo Mano José, todos os alimentos nacionais industrializados possuem essa substância, já que, assim como nos EUA, o governo, há mais de 30 anos, obriga a utilização do conservante, porém, não controla a quantidade adicionada, ao contrário dos países europeus. 

— Há algum tempo nunca tinha se ouvido falar em "chocólatra". Antigamente, o chocolate não possuía conservantes e, por isso, tinha validade de duas a três semanas. As pessoas acabavam comendo o chocolate mofado e tinham gastroenterite, por isso, o governo obrigou a adição da substância para conservar, tanto que agora ele tem validade de 18 meses e existem os chocólatras — analisa o médico.

De acordo com o endocrinologista, algumas pessoas são mais propensas a desenvolver o vício e a grande maioria dos casos de obesidade seria causada por essa dependência química ao conservante. 

— Uma pessoa que tem aquela fome que dizem que é por ansiedade não sacia a sua vontade com frutas ou verduras porque o desejo só vai passar quando ela ingerir a substância causadora do vício. Isso explica também o motivo pelo qual há pessoas que acordam durante a noite para comer: é a falta da química no organismo — diz Mano José.

O tratamento
Quando tratada como dependência química, o tratamento para obesidade é feito com o uso de medicamentos iguais aos receitados para toxicômanos e, claro, com a diminuição da ingestão da substância causadora do vício, ou seja, dos alimentos industrializados.

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— Isso que chamamos de reeducação alimentar e que outros profissionais recomendam não é exatamente primar por uma alimentação mais saudável, como frutas e verduras, sem conservantes? Então, a teoria não seria a mesma? — questiona.

O endocrinologista explica que, no início do tratamento, o paciente deve evitar mais radicalmente a ingestão alimentos com citrato de sódio, mas que, quando entra no período de manutenção — que pode durar de três a cinco anos — e para o resto da vida, a recomendação é comer com cautela.

— O tratamento é determinado de acordo com a idade, o peso, a altura, o sexo e até a atividade. Sei que a vida tem que continuar, e fazer o tratamento não significa que a pessoa nunca mais vai poder comer um hambúrguer ou chocolate, mas vai ter que ter controle sobre isso. É preciso ter cuidado com a quantidade porque aquele que é geneticamente propenso ao vício sempre vai ser.

Clínicas em Curitiba
:: Associação Brasileira de Agentes de Saúde em Alcoolismo e Consultores em Dependência Química (ABRASA)
:: Age Repouso e Recuperação
:: Lar Luz da Vida
:: Instituto Internacional de Prevenção as Drogas (IIPDROG)
:: Gath Saúde Mental
:: Associação Reviver de Assistência Social (ARAS)

Mano José afirma que, desde que começou a aplicar este tratamento baseado na crença de que a obesidade é causada por um vício, há cerca de quatro anos, os resultados são surpreendentes e muito mais efetivos do que antes. Em média, os pacientes perdem por mês de 3 kg a 5 kg, mas, há alguns que chegam a perder mais de 10 Kg.

A produtora de arroz Maria Elisabete Wolf, 59 anos, buscou um tratamento para emagrecer em junho do ano passado.

— Estava acima do peso e me sentindo mal. Gostei da proposta de tratamento e, depois de fazer vários exames, começamos com medicamentos e dieta alimentar. Emagreci 20 kg em quatro meses. Agora, estou em manutenção e me acostumei a comer alimentos saudáveis. Quando vejo um doce, por exemplo, não sinto mais aquela vontade de comer que sentia antes — conta Maria Elisabete.

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BEM-ESTAR
Diego Vara / Agencia RBS

"Compulsão" por comer seria, de acordo com médico, dependência química de conservante presente nos alimentos indistrializados
Foto:  Diego Vara  /  Agencia RBS


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