Recursos Naturais | 12/04/2011 21h14min
Não basta mais as empresas avaliarem apenas os recursos tradicionais para o bom funcionamento do negócio: seus produtos, seus funcionários e seus consumidores. Neste mundo de recursos cada vez mais escassos, o setor privado precisa avaliar melhor quais são serviços ecossistêmicos fundamentais para as atividades empresariais.
Para ajudar as empresas nessa tarefa, o World Business Council for Sustainable Development (WBSCD) acaba de lançar o "The Guide to Corporate Ecosystem Valuation (CEV)". Trata-se de um guia para entender melhor os serviços proporcionados pelos ecossistemas como água limpa, produção de alimentos e fibras e proteção a desastres naturais. O objetivo da ferramenta é a análise dos benefícios oferecidos pela natureza às empresas, atribuindo valor aos mesmos e permitindo sua incorporação no planejamento estratégico e na análise financeira.
O guia foi desenvolvido em parceria com outras quatro organizações: o Environmental Resources Management (ERM), a International Union for Conservation of Nature (IUCN), a consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) e o World Resources Institute (WRI). Durante o processo de desenvolvimento, 14 empresas membros do WBCSD testaram a ferramenta.
Um exemplo foi a Mondi, empresa de embalagens e produtos de papel. A companhia avalia como a água é um recurso ecossistêmico chave para as suas plantações de floresta na àfrica do Sul. Há uma tendência de escassez de recursos hídricos nas regiões onde a Mondi tem suas operações devido a pressões de vários usuários, que pode levar ao aumento dos custos de produção da empresa. A partir do guia, a empresa pode avaliar detalhadamente como os principais usuários dos recursos hídricos são dependentes da mesma bacia hidrográfica, o que permitirá a empresa planejar melhor sua atuação no futuro.
Este exemplo mostra que as empresas que não sabem os seus impactos sobre os ecossistemas dos quais elas dependem estão colocando em risco o futuro dos seus negócios. Segundo WBSCD, outro objetivo do guia é a operacionalizar o estudo The Economics of Ecosystems and Biodiversity (TEEB), ou "A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade". - vinculado à ONU.
O TEEB foi criado a partir de uma solicitação do G8+5, que reúne Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido, Rússia e mais cinco das principais nações emergentes: àfrica do Sul, Brasil, China, Índia e México, que queriam um estudo que mostrasse o impacto econômico gerado pelas perdas da biodiversidade. Na sua primeira versão, o TEEB revelou que o prejuízo anual da economia global com a destruição da biodiversidade chega a US$ 4,5 trilhões. A íntegra do guia está no link
PARA SABER MAIS
Mapa da água – Falando em recursos hídricos, uma boa fonte para saber como está a oferta de água no Brasil é o "Atlas do Abastecimento de àgua", disponibilizado online pelo portal da Agência Nacional de àguas (ANA). As informações oferecem o diagnóstico das condições atuais de oferta de água das sedes municipais, identifica as principais alternativas técnicas (para mananciais e sistemas de produção de água) e as ações de gestão que garantam o atendimento das demandas para abastecimento humano nos horizontes de 2015 e 2025. O portal inclui o Atlas Nordeste, o Atlas Sul e o Atlas das Regiões Metropolitanas, que apontam déficits de oferta de água, presente e futuro, e os investimentos necessários para a garantia de sustentabilidade urbana, econômica e ambiental de um conjunto de 2.965 cidades, e suas respectivas bacias hidrográficas, distribuídas em todo o território nacional. Veja mais no site
* Fatima C. Cardoso é jornalista, com Pós-Graduação em Ciência Ambiental, e especialista em assuntos ligados à sustentabilidade e responsabilidade socioambiental.
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