Ambiente | 13/04/2011 07h10min
O resort Costa Navarino foi construído na Península do Peloponeso por Vassilis Constantakopoulos, conhecido como "o capitão", um garoto local que se tornou um magnata bilionário dos transportes e morreu em janeiro. Ele disse que o trabalho de sua vida era revitalizar, com ecoturismo internacional de luxo, essa que era uma das regiões mais abatidas da Grécia.
O que fizeram o "capitão" e seu filho, Aquiles, que agora comanda Costa Navarino, é extraordinário. Até então, dois resorts de cinco estrelas foram construídos, o Romanos e o Westin, que abriu suas portas recentemente. Eles são impressionantes, trabalhados em mármore, cheio de design inteligente e fino acabamento.
Há um centro de esportes capaz de deixar os olimpianos de boca aberta, duas vivendas "reais" para os obscenamente ricos, imensos salões de reunião e praças, seis restaurantes, dois campos de golfe e, literalmente, dezenas de piscinas porque, se pagar o suficiente, você consegue a sua própria.
Mais notável, centenas de quilômetros quadrados foram comprados pelo "capitão" ao longo de 20 anos, e a natureza está sendo reorganizada. As praias não foram tocadas, mas rodovias e rios foram desviados, reservatórios, criados, e dois campos de golfe de 18 buracos com gramados de um verde brilhante, regados em meio a novos olivais e velhas ruínas. Cerca de 6 mil árvores foram retiradas e replantadas, 400 mil arbustos e jardins em telhados foram plantados em abundância.
Você caminha maravilhado. Quanto dinheiro foi gasto aqui? Enquanto nos movíamos pela área, a vasta ambição do "capitão" se revelou. A cinco quilômetros dali, seus trabalhadores estavam construindo o gigantesco campo de golfe número 2, bem como dois outros resorts cinco estrelas. Um deles será uma marca da Banyan Tree, com vivendas escavadas na encosta, e o outro será erigido bem acima da amável baía de Navarino.
A 16 quilômetros dali, perto da cidade de Kalamata, famosa por seu terremoto de 1986 e suas azeitonas, o maior resort deles está planejado. Ao todo, o "capitão" planejou três campos de golfe, seis hotéis cinco estrelas, talvez 3 mil salas espalhadas por centenas de quilômetros quadrados, empregando milhares.
Autoestradas estão sendo construídas para atrair atenienses ricos, o aeroporto está sendo expandido e as esperanças estão altas quanto à visão do "capitão" transformar a combalida economia do Peloponeso.
Tradução: Guilherme Justino
Iniciativas verdes
Moradores estão preocupados com o gasto de dinheiro, mas ninguém diz qualquer coisa contra as obras publicamente. Faz sentido, dizem os sussurros nas proximidades de Pylos, construir campos de golfe em uma terra árida, ou pedir que dezenas de milhares de pessoas por ano voem para lá e ameacem um litoral virgem? E quanto à paisagem cultural?
Os arquitetos de Navarino usaram material local, os hotéis estão adequados à paisagem, os campos de golfe tirarão água apenas de reservatórios construídos especialmente para isso, que coletam o que sobra no inverno, a água quente é alimentada por energia solar, e a próxima fase do projeto irá utilizar sua própria energia solar. O resort coleta suas próprias azeitonas e criará e financiará um observatório de investigação marinha para a Academia de Atenas e a Universidade de Estocolmo, que estudará os efeitos das mudanças climáticas no Mediterrâneo. As ideias são boas. No entanto, pode-se chamá-lo de um genuíno ecoresort? Aí está a questão.
Tamanho importa
Se há um problema, está no tamanho. Quaisquer que fossem as intenções do "Capitão", esse negócio é arriscado. As apostas na sustentabilidade são altas, a área de terra sendo tomada para a economia local é vasta. Os desenvolvedores argumentam que não há opção além de pensar alto, a fim de conseguir um efeito social positivo, e que é possível misturar a cultura antiga à nova. Eles acreditam que melhoraram o local e argumentam que um ambiente degradado atua como freio no desenvolvimento.
Volte em 10 anos: o quanto esse trecho de litoral selvagem terá mudado? Com sorte, não muito.
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