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Ambiente  | 22/02/2011 18h57min

Cientistas contestam proposta de alteração do Código Florestal

Frente parlamentar, cientistas e ONGs tentam evitar aprovação de projeto de lei que deve ser votado em março

Atualizada em 23/02/2011 às 16h12min Daniela Castro | Brasília (DF)

Após cientistas contestarem a proposta de alteração do Código Florestal aprovada em uma comissão na Câmara dos Deputados, a polêmica virou tema de uma palestra organizada pela bancada ambientalista nesta terça, dia 22, em Brasília.

O espaço ficou apertado para comportar tanta gente. O evento foi organizado pela Frente Parlamentar Ambientalista, cientistas e representantes de organizações não-governamentais, e ninguém poupou críticas à proposta que modifica o Código Florestal.

– Há pontos extremamente controvertidos na discussão como a ampla anistia para aqueles que realizaram enormes desmatamentos em todos os biomas do país. Bem como a possibilidade de regularização de uma série de atividades em matas ciliares, em nascentes e uma possibilidade de esvaziamento completo da legislação ambiental do país – afirma o ambientalista Gustavo Trindade.

O ex-ministro da Agricultura rebate.

– Se o meu pai, e aí eu estou falando em um caso verdadeiro, porque eu nasci na enxada, se o meu pai derrubou na beira dos rios para plantar era porque a norma, na época, permitia e era onde efetivamente se plantava. Era nas beiras de rio. Ou se nós plantamos o nosso arroz nas várzeas é porque todo mundo planta arroz em várzea. Agora, de repente alguém chegou à conclusão que não pode se plantar em várzeas e proíbe isso e criminaliza todos aqueles, que numa época plantaram e vários dos seus descendentes, que continuam plantando em várzea – contesta o Deputado Fedederal Reinhold Stephanes (PMDB-PR) - Frente Parlamentar do Agronegócio.

E para apimentar ainda mais as discussões, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e a Academia Brasileira de Ciências estão finalizando um estudo que contesta com argumentos científicos o projeto de alteração do Código Florestal elaborado pelo deputado Aldo Rebelo.

– É possível produzir com alta tecnologia, com sustentabilidade ambiental, respeitando mata ciliar, respeitando Reserva Legal. Então, esse é o grande desafio, que o Código Substitutivo não entrou – ressalta Ricardo Rodrigues, cientista da ESALQ.

Apesar de polêmica, a matéria foi aprovada ano passado em uma comissão especial e deve ser votada no mês que vem no Plenário da Câmara.

– Não é quem sai vencedor ou quem sai perdendo. É uma questão que está relacionada à agricultura, à ocupação ordenada dos espaços. – comenta o Deputado Federal Fernando Ferro (PT-PE) - Frente Parlamentar Ambientalista.

– Aquilo que for procedente, nós vamos acolher. Aquilo que não for, nós vamos refutar, porque é preciso levar em conta muitas opiniões para conceber um relatório que ajude a resolver o problema do meio ambiente e da agricultura no Brasil – afirma  Deputado Federal Aldo Rebelo( PCdoB-SP).

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