| 22/02/2011 10h20min
Chega a hora de guardar o baldinho e os brinquedos de praia pela última vez, encarar a Free-Way e retomar a rotina. O momento de dizer adeus às férias de verão e dar início a mais um ano letivo e ao dia a dia com regras e horários definidos para comer, dormir e cumprir tarefas exige cuidados extras dos pais na readaptação das crianças. A seguir, a pediatra Maria Léa Poli e a psicopedagoga Jacita Staudt listam algumas medidas que podem garantir uma transição mais tranquila. Mas, antes que os pais repensem se estavam certos em flexibilizar regras, cardápios e horários na viagem em família, Jacinta se antecipa e destaca:
— É melhor ter que fazer essa readaptação, combinando com o filho o que fica para as próximas férias, do que a criança não ter tido direito a esses regalos de maior liberdade e diversão e agora não ter o que contar no primeiro dia de aula, tendo o agravante de estar estressada e menos segura para enfrentar o novo. O estreitamento dos vínculos com a família, avós, tias e amigos que as férias proporcionam são saudáveis e necessários.
Saudade dos pais
- Além de um período de maior liberdade, as férias são o momento em que os filhos podem passar mais tempo com os pais, compartilhando atividades de manhã a noite. Assim, é natural que a criança se ressinta da volta à rotina, quando, em muitos casos, passará a ver o pai e a mãe somente no início e no fim do dia. Para facilitar essa readaptação, os pais devem explicar que também ficam chateados com a perda desse convívio mais intenso e combinar de fazer alguns dos programas e brincadeiras favoritos das férias nos próximos finais de semana ou nos feriados.
- Na readaptação das crianças de até cinco anos à rotina, pode ser útil o chamado objeto transitório — por exemplo, uma pelúcia ou um boneco de que gosta e que a acompanhou na viagem de férias e agora segue com ela na mochila, como uma forma de apoio e segurança.
Saúde em dia
- É aconselhável que as crianças tomem remédio contra vermes, já que nas férias passam mais tempo ao ar livre, têm contato com a areia e a água na praia, ficando, assim, mais expostas. A partir dos dois anos, é possível tomar a medicação em dose única, que combate os tipos mais comuns de vermes.
- O período que antecede a retomada do ano letivo é propício a consultas de revisão com o pediatra, o dentista e o oftalmologista, por exemplo.
Horários para dormir e comer
- As crianças, principalmente as menores, de até cinco anos, são suscetíveis às mudanças de ritmo, como os horários das refeições e de ir para cama. É comum que demonstrem esse desconforto ficando mais chorosas e irritadiças, e os pais devem ficar atentos a esses sinais, traduzindo em palavras os sintomas apresentados. Por exemplo: "Eu entendo que você está com fome ou com sono", demonstrando que a criança está sendo entendida e que pode contar com os pais.
- Depois de ter a chance de ficar acordado até mais tarde nas férias, é preciso uma readaptação gradativa ao horário de dormir estabelecido pelos pais durante o ano letivo. Além disso, as crianças precisarão se habituar ao fim do horário de verão, encerrado neste final de semana. Não adianta forçar o filho a dormir às 21h, se, até então, nas férias, ele ia para cama às 23h: essa mudança deverá ser aos poucos, um dia às 22h30min, no outro, às 22h, e assim por diante. Se a criança reclamar que não tem sono, proponha uma atividade sem agitação, como ouvir/ler uma história na cama.
- A readaptação gradativa aos horários das refeições também é importante para garantir que a criança não enfrente o desconforto de sentir fome fora dos horários de lanche, almoço e jantar e que tenha apetite à mesa. Se a criança frequenta escolas de turno integral ou creches, é importante que os pais se informem sobre os horários em que são servidas as refeições para adaptar o filho já em casa — inclusive nos finais de semana.
Volta às aulas
- Uma forma de ajudar a criança na transição das férias para a volta às aulas e à rotina é envolvê-la nos preparativos e na organização do material escolar e do uniforme. Também é importante, principalmente para aqueles que estarão em uma escola nova, que os pais conversem sobre o que eles irão encontrar lá, sem exageros, apenas para que possa simbolizar o que está por vir.
- Tantas novidades — sala de aula, professores e colegas novos — provocam ansiedade. Ao perceber sinais de angústia, os pais devem ajudar os filhos a entender que as mudanças também trazem coisas boas, mas, em vez de simplesmente dizer isso a ela, é preciso ajudá-la a perceber as possibilidades dessa nova fase. Por exemplo: se a criança se ressente da falta da professora do ano passado, questione se ela não concorda que há chance de que venha a gostar tanto ou até mais da nova profe quando a conhecê-la melhor.
Fontes: psicopedagoga Jacinta Staudt e pediatra Maria Léa Poli
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