Recursos Naturais | 08/02/2011 11h55min
Dados recentes divulgados pela Agência Nacional de Águas (ANA) mostram um avanço na cobrança pelo uso da água em bacias hidrográficas. Foram arrecadados R$ 105,8 milhões com a taxa em 19 bacias brasileiras.
A cobrança pelo uso da água foi instituída na Política Nacional de Recursos Hídricos com o objetivo de estimular o uso racional do recurso. Trata-se de um preço fixado por meio de um pacto entre os usuários de água e o comitê de bacia.
Ao se instituir um preço para o recurso finito, seu custo passa a ser incorporado pelos agentes econômicos que se utilizam da água. Os recursos gerados retornam para a região em investimentos na recuperação e preservação dos mananciais das bacias hidrográficas.
A primeira bacia a adotar a cobrança, em março de 2003, foi a do Rio Paraíba do Sul, em São Paulo. Em seguida, em 2006, iniciou-se a cobrança na bacia de Piracicaba, Capivari e Jundiaí, também no Estado. A cobrança também está em funcionamento em bacias dos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, além da bacia do Rio São Francisco, onde a taxa foi instituída no ano passado.
O que acontece no Brasil é reflexo de uma tendência mundial de cobrar dos grandes usuários o uso dos recursos hídricos. Como resultado, tem crescido a preocupação das empresas sobre o gerenciamento da utilização desse recurso. Muitos acreditam que a água será o novo carbono. Tanto que o termo "water management" está cada vez mais no vocabulário dos executivos.
Assim como na gestão das emissões de carbono, as empresas começam a avaliar também o uso da água em toda a sua cadeia de produção. Na maior parte das vezes, o uso direto do recurso é apenas uma fração de tudo o que é consumido para fabricar um determinado produto.
Começam a ser desenvolvidos sistemas inspirados naqueles criados para gerenciar o carbono que buscam medir o uso total da água no ciclo de produção identificando os pontos críticos e as possibilidades de racionalização.
Para ficar de olho
Tesouros da Amazônia - Um projeto de pesquisa que envolve cientistas de São Paulo e do Pará concentrará esforços para produzir, a partir de fungos e bactérias da Floresta Amazônica, coquetéis enzimáticos capazes de degradar a celulose, viabilizando o chamado etanol de segunda geração.
O projeto é fruto de uma parceria entre as Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) dos Estados de São Paulo (Fapesp), Minas Gerais (Fapemig) e Pará (Fapesp) e a Vale S.A. Atualmente a fabricação de etanol só é viável a partir da sacarose. Parte da biomassa restante destina-se à geração de energia elétrica e a outra parte é descartada.
A produção de etanol a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar permitirá aumentar a produtividade sem alterar a área plantada. O problema é que a celulose é difícil de decompor.
Na Floresta Amazônica, porém, a degradação natural de grandes quantidades de biomassa ocorre de forma contínua devido à presença de micro-organismos específicos da região.
Os cientistas vão tentar descobrir quais são as linhagens especiais de fungos e bactérias que poderão ser usados para degradar a celulose da cana-de-açúcar de forma mais eficiente. A ideia é fazer com o bagaço e a palha da cana-de-açúcar o que a floresta faz com a biomassa.
*Fatima C. Cardoso é jornalista, com Pós-Graduação em Ciência Ambiental, e especialista em assuntos ligados à sustentabilidade e responsabilidade socioambiental.
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