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 | 28/06/2008 05h43min

Os capitães do clássico: Léo

Zagueiro do Grêmio já viveu momentos de solidão, mas se afirmou e hoje é um dos líderes do time

Luís Henrique Benfica  |  luis.benfica@zerohora.com.br

É fim de tarde de sexta-feira e o mineiro Léo entra na sala de conferências do Olímpico. Provoca uma correria de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas. Nem sempre foi assim. O zagueiro já reclamou muito por não ter com quem conversar.

Nos primeiros anos de Grêmio foi assim. Trazido de Belo Horizonte em 2000, então aos 12 anos Léo só aplacava a saudade da família durante os treinos e os jogos. À noite, solitário no quarto da concentração, a tristeza batia forte. No escuro do estádio, pensava na mãe, Maria Cândida, "uma guerreira", que comandou a casa quando separou-se do marido.

— Dava uma solidão sem tamanho. Não tinha com quem me abrir. Muitas vezes pensei em voltar para casa — confessa o capitão do Grêmio, cotado para atuar na Europa.

Carlos Eduardo, hoje no Hoffenheim, da Alemanha, era um de seus poucos confidentes daquela época. Ele também chorava pela ausência dos pais, distantes em Ajuricaba, região noroeste do Estado.

Oito anos depois da chegada de Léo ao Sul, Belo Horizonte só é lembrada quando Maria Cândida o visita no apartamento no Menino Deus e prepara comida mineira. De resto, a preferência é por chimarrão e churrasco, como um autêntico gaúcho.

Promovido a titular na metade do ano passado, o zagueiro amadureceu muito rápido. Talvez devido às dificuldades do início, conforme atesta Pereira, seu companheiro de zaga.

No início deste ano, quando William foi negociado com o Corinthians, Léo forçou-se a assumir a condição de líder da defesa. Ganhou a braçadeira de capitão, quando tudo apontava para Eduardo Costa.

Ontem, por coincidência, William passou pelo Olímpico. No vestiário, numa roda de jogadores, Léo perguntou se ele apareceu para dar moral aos companheiros. A resposta do corintiano, acompanhada de um sorriso, foi rápida:

— Você é que tem de dar moral. É zagueiro de seleção e está indo para a Europa.

A ida para a Europa, aliás, ele evita abordar. Deixa o assunto para o empresário Jorge Machado e a empresa Rogon, seus representantes. Apesar do interesse do Hoffenheim, cujo técnico, Ralf Rangnick, veio a Porto Alegre vê-lo atuar, o zagueiro não esconde o desejo de jogar por equipes de maior expressão da Europa.

É possível que ele deixe o Olímpico com apenas dois Gre-Nais. O primeiro, no ano passado, o Grêmio venceu por 1 a 0, gol dele. Deu-se melhor no confronto com Fernandão. Desta vez, terá que cuidar de Nilmar:

— A melhor maneira de pará-lo é marcando perto. Como temos um zagueiro na sobra, talvez facilite.

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