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 | 28/04/2008 04h51min

Os heróis do Juventude vieram da várzea

Único gol do primero jogo da decisão saiu da combinação do pé de Ivo com a cabeça de Maycon

 Poderia ser roteiro de cinema: uma dupla de garotos do Interior deixa o anonimato do futebol amador para, em menos de dois anos, ganhar um campeonato profissional. Pois será esta a história de Maycon e Ivo, atacantes do Juventude, se a conquista do Gauchão virar realidade.

Crédito, pelo menos, eles já têm. O único gol dos primeiros 90 minutos da decisão saiu da combinação do pé esquerdo de Ivo com a cabeça de Maycon. Coroou a persistência de quem apostou na carreira, mesmo diante de dificuldades.

Maycon, 20 anos, deixou o amadorismo no começo de 2006, quando marcou gol no Inter em amistoso na pré-temporada do time de Abel Braga, em Bento Gonçalves. Foi o começo de tudo para o catarinense de São Lourenço do Oeste que assistia à dupla Gre-Nal ganhar tudo em sua infância. Cresceu em ambiente gaudério e gol na final do Gauchão era sonho de infância.

Antes, porém, teve de batalhar. Em 2001, tentou a sorte no Pinheiros, de Taquari. Trabalhou por dois anos como garçom em um restaurante — ao mesmo tempo, jogava, estudava e morava com seu empresário.

Em 2004, teve chances no Caxias e no Esportivo, mas voltou à várzea. Por ironia, o Juventude o conheceu depois de ele fazer gol no Inter. Em 2006, pelo combinado de Bento, enfrentou o time de Abel na pré-temporada. Teve boa atuação e ganhou chance no Alfredo Jaconi.

Neste domingo, a sorte sorriu outra vez contra o Inter. Saiu do banco de reservas e fez o gol que deixa o Juventude a um empate do bi. Ainda desacostumado com a fama, quase chorou ao ouvir a narração do gol nos fones da Rádio Gaúcha.

— Quando pequeno, ouvia os gols de Inter e Grêmio no rádio e imaginava como seria fazer um gol assim, em decisão. Dá até vontade de chorar — emocionou-se.

Maycon deve muito do gol a Ivo. Nascido Olivio em Palmitinho, no noroeste do Estado, o atacante atuava na várzea em Teutônia, em 2006. Em amistoso, chamou a atenção do Juventude. Ontem, jogou toda a final e teve sua participação mais importante no último lance.

— Entrei pela esquerda e, quando olhei para dentro vi alguém entrando no segundo poste (lado oposto) - descreveu depois do jogo.

A jogada foi um prêmio para a noiva, Daiane, 17 anos, que deixou Teutônia para acompanhar a decisão. Aos 21 anos, Ivo só agora consegue se afirmar. Passou boa parte de 2007 fora de ação (por lesão no tornozelo e apendicite). Agora, com Maycon, pode levantar a taça.

ZERO HORA
 

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