| 29/03/2008 09h02min
Na luta contra o relógio para atingir o nível necessário para representar o país nos Jogos Olímpicos de Pequim, em agosto, os conjuntos nacionais de adestramento estão recorrendo a orientação internacional. Em grupos ou individualmente, técnicos estrangeiros estão preparando os candidatos a uma vaga na equipe. Há oito meses, Rogério Clementino, Leandro da Silva e Luciano Pereira Alves treinam com o belga Johan Zagers especificamente para participar de séries Grande Prêmio. Mas bem antes disso, eles já contavam com o técnico em seus treinos para o Pan.
– São quase quatro anos de trabalho – lembra Zagers. – Temos trabalhado muito duro para atingir o nível exigido em uma Olimpíada. Mas este é um grupo muito motivado. Prestam muita atenção às orientações e estão sempre tentando fazer o melhor. Os cavalos também são muito bons.
Em comum, os pupilos do alemão têm o fato de competir montando cavalos Lusitanos, uma das raças mais populares no adestramento nacional. Já Micheline Ivette Schulze optou por fazer seu preparo com o alemão Thomas Schmitz.
Para ele, a evolução brasileira na modalidade é inquestionável:
– Estão seguindo o melhor caminho até agora – diz, afirmando sua confiança na obtenção do índice. – Percebemos que eles estão muito melhores. Os cavalos estão cometendo poucos erros e há muitas chances de conseguirem a marca.
Na opinião de Schmitz, o que falta ao Brasil é tempo.
– O problema aqui é estar no começo. Mas pelo que vimos nos últimos dez anos estão indo na direção certa – destaca para explicar a demora na obtenção dos 64% de aproveitamento exigidos. – O que estamos fazendo é um trabalho de construção. É preciso um longo tempo para conseguir um campeão.
– Temos só um ano para mudar de prova. É um pulo muito grande e é o que está dificultando a classificação – acrescenta o cavaleiro Leandro da Silva.
Zagers destaca o desafio de atingir em meses um trabalho que demanda anos: conciliar o conhecimento técnico para as movimentações exigidas em uma série GP com o preparo físico adequado da montaria e a perfeita integração entre cavaleiro e cavalo na execução.
– O ajuste entre corpo e mente. O mais difícil é a mudança entre os movimentos. Encontrar o equilíbrio entre a tensão e o relaxamento.
Além de muito treino, os brasileiros também precisam de mais torneios.
– Eles vão bem nos treinos, mas têm de competir para adquirir mais segurança e garantir um bom controle do cavalo porque se não há controle, há muitos erros.
Este foi um dos motivos que levou a Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) a programar cinco seletivas nacionais (além dos eventos internacionais válidos como seletivas para quem está competindo no Exterior).
– Queremos dar o máximo de oportunidades – explica o diretor de adestramento da Confederação, Salim Nigri.
Juntamente com o número de torneios, Schmitz lembra a necessidade de aumentar o número de praticantes da modalidade.
– Você consegue grandes competidores tendo uma base ampla – concorda o árbitro internacional Axel Steiner. – No Brasil, esta base ainda é estreita.
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