| 06/03/2008 13h31min
Dois dos 30 brasileiros que foram barrados ao desembarcar na manhã de quarta-feira no aeroporto de Barajas, em Madri, ficaram 24 horas sem direito a visitas, com a bagagem retida e presos no local. Pedro Luiz Lima e Patrícia Rangel falaram ao site G1, num telefone público de uma das três salas por onde passaram durante a noite e a madrugada. Eles estavam na Espanha apenas de passagem, com o objetivo de participar de um congresso em Portugal. Barrados, dizem que foram vítimas de agressão verbal e submetidos a um tratamento discriminatório.
— Foram os piores dias da minha vida. Eu não vou entrar nesse território nunca mais — afirmou Patrícia: — Estão fazendo uma política para evitar a entrada de latinos. E se você não se encaixa nesses critérios que eles têm para barrar, eles inventam alguma coisa para colocá-lo dentro de um critério.
Já Lima conta que as entrevistas a que foram submetidos não servem para nada:
— A impressão que
dá é que quando te pegam seu destino já está
selado, pois não há motivos suficientes para a deportação. Houve um rapaz que nos contou que seria levado de volta pois lhe faltava um guia turístico — disse, explicando que as autoridades do aeroporto não davam informações sobre o motivo da detenção: — Alegaram que não tínhamos a documentação necessária, mas ninguém soube dizer qual papel que faltava. Alegaram depois questões econômicas, falta de dinheiro. Mas acabaram de mandar um rapaz de volta por excesso de dinheiro.
Ele e Patrícia iriam a Lisboa para apresentar trabalhos num congresso internacional de ciência política. Ambos portavam a inscrição para o evento, documentos e reservas de hospedagem.
Discriminação
Patrícia revelou que após chorar e pedir informações, recebeu um advertência por ter "desacatado" autoridades e ter "se comportado de maneira emocional demais". Lima se sente discriminado com a atitude dos espanhóis. Contou que outros colegas brasileiros que
estavam indo para o congresso e tinham a mesma
documentação que eles e as mesmas reservas de hotéis conseguiram entrar no país há alguns dias. A maratona aeroportuária começou no momento em que os brasileiros estavam na fila para a inspeção dos passaportes.
— Fomos detidos às 11h da manhã e ficamos umas quatro horas numa sala, sem acesso a nada. Nesse momento tivemos o pior tratamento. Depois fomos a outra sala com um bebedouro. Só depois é que fomos comer algo — revelou.
Segundo Patrícia, a maioria dos brasileiros que estava no vôo 6024, da Ibéria, junto com eles, voltará na noite desta quinta-feira. O cônsul-geral do Brasil em Madri, Gelson Fonseca, afirmou que a média de brasileiros barrados aumentou neste ano, quando mais de 600 foram vetados. O embaixador espanhol em Brasília, Ricardo Peidró, negou que haja preconceito dos espanhóis contra os turistas brasileiros. Segundo ele, os pesquisadores brasileiros que iriam a Portugal foram retidos porque não teriam cumprido as exigências para entrar na Espanha. Ele,
entretanto, não
especificou quais exigências seriam essas.
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