O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair disse hoje que o principal obstáculo para um acordo de paz no conflito palestino-israelense é a política de segurança de Israel no território e a dureza da ocupação. Blair participou do Fórum Econômico Mundial de Davos como representante dos Estados Unidos, União Européia, ONU e Rússia.

— Pode haver um acordo, sempre é possível, mas só se mudarem os fatos no terreno — disse Blair, que, quando no cargo de primeiro-ministro, era um dos principais aliados de Bush.

Para ele, a "terrível situação" da Faixa de Gaza, de onde centenas de milhares de pessoas saíram em direção ao Egito em busca de alimentos, combustível e outros produtos básicos, devido ao bloqueio imposto por Israel.

— Os termos de um possível acordo não são o maior desafio: tenho certeza de que, se colocarmos cinco palestinos com alto nível de formação e cinco israelenses com alto nível de formação em dois grupos separados, chegarão a conclusões muito coincidentes — disse Blair.

Blair defendeu encontrar "uma fórmula para que Israel alivie as condições de segurança e os palestinos vejam que progressivamente a ocupação vai cedendo", porque, sem isso, mesmo que os políticos trabalhem para encontrar um acordo, o povo pensa que "isto é irreal. Isto não é o que sentimos".

— Imaginem as pessoas que vivem em Gaza, e inclusive na Cisjordânia, com as restrições de acesso e movimento. É difícil que pensem que vão sair dessa situação. É fundamental continuar o processo político, mas só será possível alcançar um acordo se mudarem os fatos no terreno, se Israel tiver mais confiança de que os palestinos podem cuidar da segurança e se os palestinos tiverem mais confiança de que Israel suspenderá as restrições e a ocupação — afirma.