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 | 12/10/2007 05h

Projeto de reforma do Beira-Rio inclui urbanização de toda a orla

Inter pretende realocar escolas de samba, criar pavilhão de convenções, marina e hotel

Amauri Knevitz Jr.  |  amauri.knevitz@zerohora.com.br

O projeto Gigante Para Sempre, que já previa a remodelação do Beira-Rio, ficou ainda mais ambicioso. Além da modernização do estádio, apresentada à Fifa no final de agosto, o plano agora inclui a urbanização de toda a orla do Guaíba, com a construção de pavilhão de convenções, centro de treinamento, hotel, marina e a um centro cultural de samba. A realização, no entanto, ainda depende de aprovação da prefeitura e de parceiros comerciais.



O clube quer fazer da sua casa um ponto turístico da cidade. As quatro escolas de samba que têm seus barracões no local (Imperadores do Samba, Praiana, Banda da Saldanha e Banda Itinerante) serão realocadas. Surgirá assim o Centro Cultural do Samba, com uma plataforma de ensaio coberta por uma estrutura metálica tensionada, semelhante a uma lona de circo, para cada escola.

A idéia é reformular completamente toda a extensão da área entre a Padre Cacique e a Beira-Rio, além do trecho depois da avenida, às margens do Guaíba. Do estacionamento da EPTC, ao lado do Parque Marinha, até a curva que dá acesso à Avenida Diário de Notícias, tudo é de propriedade da prefeitura, à exceção do Complexo Beira-Rio e de um posto de gasolina.

— Não adianta arrumar investidor para fazer hotel, lojas, centro de eventos, com todo o risco de assalto naquela região, além dos depósitos de lixo e invasões — explica o vice de patrimônio do Inter, Emídio Marques Ferreira.

A única proposta que deverá ser concluída até o centenário do clube, em abril de 2009, é a cobertura de todas as áreas da torcida com uma estrutura metálica modular — o dinheiro para a obra viria da venda do Estádio dos Eucaliptos. A cobertura em módulos possibilita que as peças sejam colocadas uma por uma, sem causar interdição.

No local onde hoje estão os campos suplementares, o Inter sonha construir um pavilhão de exposições de 30 mil metros quadrados, voltado para a Avenida Beira-Rio. Abaixo dele, um estacionamento com 2 mil vagas. Acima, um centro de treinamento para o time da casa e visitantes, com campos, departamento médico e academia. Ao lado do hotel, um centro de medicina esportiva funcionaria em uma terceira torre.

À beira do Guaíba, o plano é transformar áreas ociosas em espaços públicos, com restaurantes, esplanada com palco para shows e uma marina.

O que precisa ser feito

Para a remodelação da orla, é preciso obter a aprovação da prefeitura. O Inter encaminhará nos próximos 10 dias um pedido de projeto de lei. Pelas normas do Plano Diretor, a obra seria considerada projeto especial, e precisaria passar por uma tramitação igual ao pedido de construção de um shopping, por exemplo.

A julgar pela aceitação inicial, a parceria será obtida. O secretário do Planejamento, José Fortunati, estava na reunião em que o presidente Vitorio Piffero apresentou ao prefeito José Fogaça a maquete eletrônica do projeto, e disse que as idéias do Inter têm a simpatia da prefeitura:

— É uma proposta ampla e ousada. Muito interessante. É importante deixar claro que ainda não estamos estudando o projeto, não o conhecemos oficialmente. Mas pela primeira mostra que tivemos, há interesse da prefeitura, sim.

Um trecho da área é objeto de disputa entre a cidade e o clube desde a década de 90, quando o ex-presidente Paulo Rogério Amoretty — então vice-presidente jurídico — postou-se em frente às máquinas da prefeitura, impedindo que o município se apossasse do terreno. A eventual realização das obras, tanto na parte que está sub-júdice quanto nas que estão oficialmente de posse da prefeitura, não significa transferência de propriedade para o Inter. O local pode ser cedido em comodato por um período de 20 ou 30 anos, ao fim dos quais voltaria para o poder público.

O que já está aprovado

As obras de reformulação do estádio, que independem de acordo com a prefeitura, serão realizadas pelo clube, garante Emídio Marques. No entanto, ainda não têm previsão de conclusão. Apenas a cobertura deverá ficar pronta até abril de 2009. O Inter quer também aproximar a arquibancada inferior do campo, criar novas cabines de imprensa, reformar o Gigantinho e criar uma área de lazer do lado de fora do estádio, voltada para o Guaíba, com museu e loja do clube, praça de alimentação e restaurante panorâmico, entre outras inovações.

 

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