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 | 13/06/2007 23h54min

Grêmio perde a primeira partida da final por 3 a 0

Boca Juniors garante o hexacampeonato até com derrota por dois gols

No duelo desta noite, no estádio La Bombonera, o tango cadenciado do Boca Juniors levou a melhor sobre a chula, dança típica do Rio Grande do Sul, de força e velocidade nos movimentos. O Boca largou na frente pela conquista da América ao derrotar o Grêmio por 3 a 0, gol de Palacio aos 18 minutos do primeiro tempo, Riquelme, aos 26 da segunda etapa, e Patrício, contra, aos 44.

O único momento de cordialidade entre Boca Juniors e Grêmio foi o cumprimento de mãos de Tcheco, capitão gremista, e Palermo, capitão da equipe argentina. Depois disso, foram vários os momentos de caras feias, chegadas duras, entradas viris e marcação, muita marcação. Nada mais natural. Brasileiros e argentinos possuem uma rivalidade histórica.

O Boca é um time chato. Joga o tradicional futebol portenho. A bola corre de pé em pé. Eles tocam, passam, recuam, e voltam a tocar. Tudo muito envolvente, muito irritante. O Grêmio, então, passou a correr muito. Apertou a marcação, avançando o time sobre a defesa argentina.

Ibarra e Díaz tinham dificuldade em acompanhar a velocidade do guri Carlos Eduardo. O jovem de 19 anos é liso, escorregadio, franzino, mas não se intimidou com as faltas e "foi pro pau". Maradona e o cineasta Francis Ford Coppola, presentes na tribuna do estádio, devem ter ficado boquiabertos com a qualidade do atacante gremista.

Na primeira etapa, todas as oportunidades do Grêmio passaram pelos pés do garoto. Foi dele o chute, aos sete minutos, que passou longe do gol de Caranta. Aos 14, numa jogada pelo flanco esquerdo, ele cavou um escanteio. Após a cobrança, Tcheco, no rebote, mandou por cima do gol. O Grêmio estava bem em campo. Como um pelotão do exército, avançava de modo uniforme, sobre a defesa xeneize, como o Boca Juniors é conhecido.

O time argentino estava apático dentro de campo. Sentia a forte presença do Grêmio. Aí entrou em campo a torcida do Boca. Aos gritos de “Dá-lhe Boca, dá-lhe Boca”, eles incentivaram Riquelme, o craque do jogo, a tentar se livrar da marcação. Numa cobrança de falta, o camisa 10 argentino levantou a bola pra área. Palermo, em impedimento, deu o passe para Palácio, que só encostou para o fundo das redes de Saja. A defesa do Grêmio parou no lance reclamando do impedimento. Não adiantou. O placar já marcava 1 a 0.

O gol abateu o time gremista. Os jogadores ficaram distantes dos atletas argentinos. O Boca, então, passou a fazer o que mais sabe: tocar a bola. Aos poucos, o tricolor voltou a emparelhar as ações. Num lance entre Lucio e Carlos Eduardo, pelo flanco esquerdo, o Grêmio quase marcou. Mas foi a torcida argentina que ficou com o sentimento de mais gol ao final do primeiro tempo. Antes de o juiz encerrar a primeira etapa, Riquelme, aos 45, entrou pela meia-esquerda e bateu cruzado. A bola tirou tinta da trave de Saja.

No segundo tempo, o Grêmio entrou sonolento. Os jogadores de meio-campo pareciam com os pés amarrados. Não chegavam para diminuir os espaços. O Boca passou a pressionar. Aos seis minutos, num lance genial, o time chegou na cara de Saja com três toques na bola. Teco salvou quase em cima da linha.

A torcida gremista ainda se recuperava do susto quando, aos sete, Palacio perdeu sob o travessão ao chegar atrasado num cruzamento.

O tricolor não dava sinais de recuperação. Os argentinos, empurrados pela torcida, aceleravam a partida. Atrasado, Sandro Goiano chegou duro demais e acabou expulso. A situação piorou. Tuta, parado lá na frente, deu lugar para Lucas. Tcheco, cansado, saiu para a entrada de Douglas. Mano Menezes esperava que, com ânimo renovado, o time voltaria a encaixar a marcação e emparelhar o jogo. Engano total.

O Grêmio parou. O brilho de Carlos Eduardo apagou. Riquelme, sempre ele, aos 26 da segunda etapa, numa cobrança de falta (outra), bateu no meio da barreira, que abriu. A bola entrou no canto de Saja. A partir daí, o Grêmio se atirou ao ataque. Afinal de contas, um gol poderia significar uma partida de volta mais tranqüila, no Olímpico. Era tudo o que o Boca Juniors queria.

Com mais espaço, os xeneizes aceleraram a partida. Num dos poucos ataques gremista mais consistente, Lucas, aos 40, teve boa chance, mas perdeu. O Boca, aos 44, liquidou o jogo. Depois do cruzamento de Riquelme, a zaga gremista não afastou e Patrício, de cabeça, fez contra o 3 a 0.

Agora, é hora de a torcida gremista mostrar que, dentro do Olímpico, o time é realmente imortal. O compromisso está marcado. É na próxima quarta, dia 20, às 21h45min.

RODRIGO CELENTE
 

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