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 | 24/10/2005 17h29min

Município marcado por conflitos agrários tem maior índice de Não no RS

96,61% dos eleitores de Coqueiros do Sul desaprovaram fim do comércio de armas

O município de Coqueiros do Sul, localizado na região Noroeste do Rio Grande do Sul, teve o maior índice de voto Não no referendo sobre a comercialização de armas de fogo e munição no Brasil: 96,61% dos votantes na cidade se manifestaram contra a proibição. Com economia essencialmente agrícola, Coqueiros do Sul tem sediado violentos conflitos agrários nos últimos anos.

Emancipado em 1993, a colonização da região em que o município se encontra teve início por volta de 1920, quando Homero Guerra, proprietário de terras no local, dividiu parte de sua propriedade rural e vendeu terrenos para outros agricultores. As terras restantes foram batizadas de Fazenda Coqueiros, atualmente sob o comando de Félix Guerra.

A fazenda foi invadida pela primeira vez em abril de 2004 por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra que exigiam o assentamento de agricultores. Em maio um novo grupo do MST chegou à fazenda, dando início a uma disputa judicial para a desocupação da área. O movimento deixou a propriedade em 15 de maio após diversas tentativas de negociação, promessas do governo de liberação de verbas para o assentamento de famílias e até mesmo a mobilização da polícia para garantir a desocupação.

No final de julho de 2004 um grupo de 500 sem-terra voltou a ocupar a propriedade, de 4,1 mil hectares, com tratores e bois, e começou a arar a terra para plantar milho e hortaliças. Segundo os integrantes do MST, a ação era em protesto contra os governos federal e estadual, que não tinham cumprido o acordo fechado em maio durante a disputa pela descupação da Fazenda Guerra.

A nova desocupação da fazenda ocorreu em 12 de agosto graças à ação da Brigada Militar, que impediu o acesso dos sem-terra a uma área que estava sendo cultivada no interior da Fazenda Coqueiros. Não houve confronto direto com a polícia, mas os agricultores apedrejaram um trabalhador da fazenda que passava herbicida na plantação iniciada pelos invasores. Alguns dias após a desocupação funcionários da família Guerra encontraram barras de ferro sob a terra, enterradas com a finalidade de estragar máquinas agrícolas, e atribuíram a ação ao MST. 

As seguidas invasões à propriedade levaram a Polícia Civil a acompanhar a movimentação na região. A safra 2004/2005 plantada no local foi colhida graças à ação da polícia, que mobilizou homens para proteger as divisas da Fazenda Coqueiros. O proprietário da área, Félix Guerra, chegou a declarar que o MST estaria tentando tornar a fazenda improdutiva a força.

Com pouco mais de 2,5 mil habitantes e com 65% de seu Produto Interno Bruto baseado nas atividades agropecuárias, Coqueiros do Sul depende da segurança no campo para obter renda. A Fazenda Coqueiros é uma das principais propriedades da região, e a comoção gerada em torno das invasões promovidas pelo MST teve reflexo no resultado do referendo.

 

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