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 | 09/03/2005 23h57min

Premiê do Líbano volta ao cargo para propor união nacional

Desafio é formar governo com aliados e adversários de Damasco

O primeiro-ministro pró-sírio do Líbano, forçado a renunciar na semana passada, foi reconduzido ao cargo na última quinta e agora enfrenta a difícil tarefa de formar um governo com aliados e adversários de Damasco. Mais soldados sírios se retiraram para o leste do Líbano e alguns voltaram para o seu país levando equipamentos, dando início à primeira das duas fases da retirada anunciada nesta semana pelo presidente sírio, Bashar Al Assad.

Enquanto isso, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, voltou a criticar a "pesada" influência do serviço secreto da Síria sobre o seu pequeno vizinho. Mas as manifestações pró-sírias que levaram centenas de milhares de pessoas ás ruas de Beirute e Damasco nos últimos dois dias ofuscaram os protestos anteriores no Líbano contra a presença militar da Síria no país, que foram o estopim da renúncia do primeiro-ministro Omar Karami. Dos 128 deputados libaneses, 69 se manifestaram favoravelmente à permanência de Karami no governo, o que deve irritar a oposição. O presidente Emile Lahoud, também simpático à Síria, deve anunciar a recondução de Karami ao cargo na quinta, dia 10, e encarregá-lo de formar um governo de união nacional, que funcionará até as eleições gerais previstas para maio. Washington pediu a Damasco que não interfira na formação desse governo provisório.

– Este novo governo deve refletir a vontade do povo libanês, não de Damasco. Não deve haver novas tentativas por parte dos governos da Síria e do Líbano para intimidar ou isolar a oposição libanesa durante os preparativos para as eleições parlamentares – disse a porta-voz do Departamento de Estado, Darla Jordan.

Bush disse que está negociando com seus aliados "quais passos à frente" dar caso a Síria não cumpra a promessa de retirar totalmente suas tropas e serviços de inteligência do Líbano antes das eleições. Karami apresentou sua renúncia na semana passada, depois de grandes manifestações em Beirute, mas permaneceu interinamente no cargo. Agora, este político sunita provavelmente terá de atrair para o novo gabinete os políticos que tentaram derrubá-lo. A oposição, formada principalmente por cristãos maronitas e druzos, quer um governo formado por pessoas que não disputem a eleição de maio, pois temem que um gabinete pró-sírio poderia manipular os resultados.

Dois deputados que representam um bloco de 40 parlamentares oposicionistas se reuniram com Lahoud, mas, em vez de indicar um novo premiê, preferiram apresentar uma lista de reivindicações: a demissão dos chefes de segurança ligados a Damasco, a completa retirada síria e uma investigação internacional sobre a morte do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri. A morte de Hariri, no dia 14, foi o estopim das manifestações contra a Síria. Damasco negou relação com o atentado que o matou.

As manifestações rivais, ambas usando a bandeira libanesa como sinal de patriotismo, ilustram a profunda divisão que existe no Líbano a respeito do papel da Síria e do futuro do Hizbollah, a última milícia armada do país, que atua como partido político, mas é considerada terrorista pelos Estados Unidos. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse nesta quarta, dia 10, que espera que seu representante obtenha da Síria um prazo para a desocupação do Líbano, nas reuniões que deve manter com ambas as partes nesta semana. Em Madri para uma conferência sobre o combate ao terrorismo, Annan disse que seu enviado Terje Roed-Larsen vai viajar à região na quinta para se reunir com os presidentes Bashar Al Assad e Emile Lahoud.

– Estou altamente interessado, depois que meu enviado volte e se reporte a mim ao final das discussões, na rapidez com que a retirada poderá acontecer, e espero que eu possa voltar com um cronograma completo – disse Annan em entrevista coletiva.

Assad e Lahoud decidiram nesta semana deslocar as tropas sírias para o leste do Líbano até o final deste mês, na primeira etapa da desocupação completa, cuja data ainda não foi anunciada.                                 

As informações são da agência Reuters.


 

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