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 | 14/02/2005 20h00min

Lula e Chávez assinam acordos e selam união estratégica

Negócios entre os dois países podem chegar a US$ 3 bi em 2005

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega da Venezuela Hugo Chávez assinaram nesta segunda, dia 14, uma ampla gama de acordos para desenvolverem projetos conjuntos nas áreas petrolífera, petroquímica, militar, de mineração e de infra-estrutura, em um esforço para criar uma união estratégica.

– O comunicado conjunto que assinamos hoje estabelece uma ampla aliança estratégica entre Venezuela e Brasil – disse Lula, depois que os dois presidentes e ministros assinaram mais de 20 acordos em Caracas.

Tanto Chávez quanto Lula, companheiros de esquerda, são críticos dos esforços dos Estados Unidos para a criação de uma área de livre comércio das Américas. Eles pregam a integração política e econômica dos países da América do Sul para defender seus interesses em relação aos dos Estados Unidos.

– A solução para a economia da Venezuela e a economia do Brasil, e a solução para as economias de outros países da América do Sul, não está no norte, não está além do oceano, está na nossa integração – afirmou Lula, em comentários repetidos por Chávez.

Os dois países têm incrementado de forma substancial o comércio bilateral, que passou de US$ 880 milhões em 2003 para US$ 1,6 bilhão em 2004. A expectativa é de que esses números em 2005 cheguem a US$ 3 bilhões.

– Nossos dois governos decidiram tornar realidade o sonho de forjar uma verdadeira aliança estratégica... essa associação dará uma complementariedade inédita a nossas duas economias – disse Lula antes, na abertura de um encontro binacional de empresários em Caracas, onde chegou no domingo.

Lula mantém relações cordiais com os Estados Unidos ao mesmo tempo em que promove a integração sul-americana, algo que o nacionalista Hugo Chávez, presidente da Venezuela, busca acelerar.

– Hoje, 14 de fevereiro de 2005, é um ano que promete ser feliz em todas as ordens, apesar de haver muitas ameaças no mundo. Precisamente por causa das ameaças que existem no mundo é prioritário, é urgente, acelerar a marcha da integração do sul. Estamos totalmente e absolutamente convencidos na Venezuela de que a solução para nossos problemas não está no norte, está aqui entre nós mesmos – afirmou Chávez, que tem como hábito atacar o "imperialismo" e o "capitalismo" dos Estados Unidos, o principal comprador do petróleo venezuelano.

Os acordos prevêem um pacto entre as estatais Petróleos de Venezuela (PDVSA) e Petrobras para construir conjuntamente uma refinaria no Brasil e para fazer prospecções na Venezuela, além de estruturar uma petroquímica. Incluem memorandos e cartas de intenção para a participação do Brasil no campo venezuelano Mariscal Sucre e na plataforma Deltana de gás natural, além de outros projetos de petróleo. O bloco 5 da plataforma Deltana foi destacado. Os acordos prevêem cooperação conjunta em construção de refinarias e plataformas de petróleo, em petroquímica e em combustíveis orgânicos, como etanol e biodiesel.

– São muito promissoras as perspectivas para 2005 sobretudo no setor energético – disse Lula, que viaja para a Guaiana ainda nesta segunda, e na terça vai ao Suriname.

Os acordos assinados também prevêem cooperação na área militar, particularmente na fronteira amazônica. Lula afirmou que isto envolve a Embraer, quarta maior fabricante de aeronaves, que reequiparia as Forças Armadas da Venezuela. Chávez disse no domingo que a Venezuela está interessada em comprar aviões Tucano produzidos pela Embraer. Empresas brasileiras planejam atuar junto à Venezuela para desenvolver um sistema e monitoramento na região amazônica. No setor de mineração, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD)  e estatal venezuelana Corpozulia criaram uma associação, a Carbosuramerica S.A., para explorar carvão na Venezuela.

Lula disse que há "enormes possibilidades" para cooperação na exploração de ferro, bauxita e níquel. O Brasil também está proporcionando crédito para projetos milionários de infra-estrutura na Venezuela envolvendo empreiteiras brasileiras como a Norberto Odebrecht.

As informações são da agência Reuters.

 

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