O ex-coordenador do programa Fome Zero Frei Betto convocou nesta sexta-feira, dia 28, os movimentos sociais a pressionar o governo para uma mudança na política econômica. Em participação no Fórum Social Mundial, ele afirmou que o governo avança nas questões sociais, mas mantém o freio puxado na política econômica.

– Se o governo conseguir quebrar a resistência da política econômica será o melhor governo deste país – disse Frei Betto, recomendando que o Executivo "caia de pau em quem aumenta os preços" e deixe de usar os juros altos para conter a inflação.

– Se o Sarney fez isso, por que este governo não pode? – questionou.

Frei Betto, no entanto, ressaltou a necessidade de que os movimentos de esquerda trabalhem as bases de forma consistente para dar legitimidade às mudanças que o governo pretenda fazer.                                

– Se nós tivéssemos povo não precisaríamos estar preocupados com alianças – disse, citando o caso da Venezuela, que tem a maior parte da população a seu favor, segundo referendo recente.                         

Frei Betto foi ainda mais longe e chamou de escusas as alianças políticas que visam apenas garantir votos para a reeleição do presidente Lula. Para ela, nos dois anos em que atuou como assessor de Lula aprendeu que o presidente chegou ao governo, mas não ao poder.

– Quem tem poder é o sistema financeiro, são as grandes empresas nacionais e multinacionais e a mídia. O Lula no governo tem que conquistar parcelas de poder, mas para isso ele precisa de duas pernas. Este é um governo saci – afirmou.

Apesar das críticas, afirmou que o Brasil é melhor com Lula do que sem ele.

Frade dominicano, Frei Betto conhece Lula desde a década de 70. Militou contra a ditadura e chegou a ser preso duas vezes. Ajudou na fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), na elaboração do programa Fome Zero e é autor de 48 livros.

As informações são da agência Reuters.

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