O presidente licenciado do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), prestará depoimento ao Conselho Ética que investiga irregularidades no Banco do Estado do Pará (Banpará) nesta quarta-feira. A maioria dos senadores do conselho – oito, entre os 15 que votam – se manifestou favoravelmente à abertura do processo de cassação contra o senador. Há forte expectativa de que o presidente licenciado do Senado anuncie sua renúncia ao mandato quando for prestar depoimento ao plenário da comissão, transmitido por rádio e TV. A subcomissão que investiga o Banpará antecipou para esta terça o depoimento do ex-gerente do banco Marcílio Guerreiro de Figueiredo. Ele foi punido por irregularidades ocorridas na instituição quando Jader era governador. Guerreiro assinou cinco dos nove cheques administrativos usados em aplicações que tiveram como beneficiário o senador, cujo valor hoje equivale a R$ 3,084 milhões. Uma nova denúncia deve abrir outra frente de investigação contra Jader no Congresso. A base do pedido de instauração de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) na Câmara é a venda irregular de imóveis da Previdência entre 1988 e 1990. O inquérito da Polícia Federal que apura a participação do senador na venda fraudulenta de títulos da dívida agrária (TDAs) começou a avançar na semana passada. Com a quebra do sigilo decretada pela Justiça, o HSBC Bamerindus enviou à PF cópia dos extratos bancários da ex-corretora Vera Rodrigues. A documentação prova que ela desembolsou 750 milhões de cruzados em dezembro de 1988, como declarara à polícia. Segundo Vera, o dinheiro foi usado para pagar TDAs emitidos na desapropriação da fazenda Paraíso. A área, desapropriada em 1988 por determinação de Jader, então ministro da Reforma Agrária, não existe. Os documentos remetidos à PF não informam o destinatário dos pagamentos feitos pela ex-corretora. Só com ela se poderá saber se Jader se beneficiou do negócio, conforme a denúncia que deu origem ao inquérito.