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 | 11/05/2001 01h01min

Governo consegue abafar CPI da Corrupção

Mobilização provocou a retirada de 20 das 182 assinaturas ao pedido de investigação

O governo venceu a guerra política para abafar a CPI mista destinada a apurar a corrupção no país. A ofensiva do Palácio do Planalto mobilizou ministros e líderes governistas em acertos e composições eleitorais. Minutos antes da 0h de hoje, prazo final para envio do pedido para publicação no Diário Oficial do Senado, o comando governista apresentou 20 requerimentos de retirada de assinatura à Mesa da Casa. O regimento interno exige um mínimo de 171 assinaturas na Câmara. A batalha final em torno da instalação da CPI foi travada na tarde de ontem. Depois de anunciar a intenção de convocar o Congresso para quarta-feira, o presidente do Congresso, Jader Barbalho (PMDB-PA) marcou de surpresa uma sessão para as 15h. Após a leitura do pedido de criação da CPI – que marca a criação da comissão, conforme o regimento interno conjunto –, Jader anunciou que o prazo para acréscimo ou retirada de assinaturas ficaria aberto até a meia-noite. Naquele momento, o comando aliado já possuía uma lista dos deputados da base governista que concordavam em recuar do apoio à CPI. À oposição, só restou denunciar a manobra do governo. Da tribuna, o líder do governo no Congresso, deputado Arthur Virgílio (PSDB-AM), tentou dissociar o Planalto da manobra de Jader, declarando-se “surpreendido” pela convocação extraordinária. Em seguida, dirigiu-se aos aliados: – Aqueles todos que não assinaram não têm que abaixar a cabeça! Os que quiserem retirar assinatura não têm que abaixar a cabeça! A oposição acusou o governo de ter feito um levantamento dos pedidos pendentes de cada parlamentar rebelde, incluindo convênios, obras e liberação de emendas orçamentárias, a fim de obter a retirada de assinaturas. Já os aliados difundiram a tese de que a CPI só serviria para eleger a esquerda em 2002. A negociação para inviabilizar a CPI incluiu a reorganização de partidos aliados. No PMDB, por exemplo, Jader cedeu a presidência nacional, que vai desocupar na terça-feira, para seu vice, o senador Maguito Vilela (GO), que havia assinado o pedido de CPI. Em troca, dois goianos aliados de Maguito retiraram assinaturas: os deputados Euler Morais e Geovan Freitas. Em São Paulo, os acertos foram conduzidos pelo coordenador da bancada, Jorge Tadeu Mudalen, e pelo ex-presidente da Câmara Michel Temer. – Vocês querem eleger o José Genoíno governador de São Paulo em 2002? – indagou Mudalen a peemedebistas paulistas. Dos cinco deputados gaúchos que integram a base do governo e haviam asssinado o requerimento, apenas Oswaldo Biolchi (PMDB) e Augusto Nardes (PPB) retiraram suas assinaturas. Os peemedebistas Cezar Schirmer, Germano Rigotto e Nelson Proença não cederam às pressões. Dos três, Schirmer foi o mais pressionado, eleito presidente do PMDB gaúcho com o apoio do ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, foi o mais pressionado. – Entre quarta-feira e hoje (ontem), três ministros amigos do deputado telefonaram pedindo para que ele retirasse a assinatura – garantiu um interlocutor de Schirmer. Rigotto disse que na viagem a Quebec, no Canadá, para participar da 3ª Reunião de Cúpula das Américas, em abril, o presidente Fernando Henrique Cardoso chegou a tecer diante dele considerações contrárias à criação da CPI, que considerou na ocasião um “equívoco”, mas não teve coragem de pedir que retirasse a assinatura: – Se cortarem as minhas emendas é uma pena, mas não recuo. Nardes, porém, retirou sua assinatura em solidariedade ao ministro da Agricultura, Pratini de Moraes. Na noite de ontem, a oposição reconheceu a vitória e decidiu cobrar de Jader a devolução do requerimento aos signatários, para continuidade da coleta de assinaturas. O deputado Aloizio Mercadante (PT-SP) disse que a oposição tentará reunir elementos para processar FH por crime de responsabilidade.

KLÉCIO SANTOS
 

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