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Irmão de acusado no escândalo Diniz opera loterias no RS

Divulgação de esquema resultou na demissão de assessor de José Dirceu

Sebastião Ramos Júnior, irmão de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, apontado como bicheiro e envolvido no escândalo que abalou o Palácio do Planalto na última sexta, comercializa a loteria oficial gaúcha, informa o jornal Zero Hora na edição desta segunda, dia 16. A sua empresa obteve, na Justiça, permissão para explorar a Loteria do Estado do Rio Grande do Sul (Lotergs) em setembro de 2002.

A família Cachoeira é citada como operadora de jogos oficiais em Minas Gerais, Paraná, Rio e Rio Grande do Sul em depoimentos de dois ex-sócios ao Ministério Público Federal (MPF). A empresa, denominada então Capital Construtora e Limpeza Ltda, tem sede em Anápolis, no Estado de Goiás. Na época em que a Capital venceu a licitação para comercializar a loteria gaúcha, Olívio Dutra governava o Estado. Empresários coreanos, por meio da empresa Combralog, que pertence a uma off-shore do Uruguai, teriam dado suporte ao negócio.

Cachoeira teria pago propina a Waldomiro Diniz, um dos principais assessores e amigo do homem forte do governo Lula, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. A denúncia provocou a demissão de Diniz da Subchefia de Assuntos Parlamentares do Ministério da Coordenação Política, na sexta. À época em que Diniz presidiu a loteria fluminense, nos governos Anthony Garotinho (1998-2002) e Benedita da Silva (2002), o bicheiro firmou um contrato com a Loterj para explorar máquinas de jogo on-line, seu principal negócio no Rio.

Em vídeo com trechos degravados pela revista Época, Diniz e Cachoeira aparecem acertando valores de propina e a alteração de decreto estadual que regulamentava jogos eletrônicos no Rio. O acerto teria sido feito em 2002.

A documentação em poder do MPF detalha a expansão dos negócios da família. Ao controlar a loteria estadual gaúcha, modalidade de jogo de baixa rentabilidade, a intenção de Cachoeira seria estabelecer uma base para mais tarde dominar o milionário negócio de jogos eletrônicos no Estado, o que teria conseguindo em 2003 ao associar-se com o grupo coreano BET.

Com a sociedade, a empresa alterou seu nome para BET-Capital. Um dos depoentes, Carlos Roberto Martins, proprietário de uma casa de bingo em Goiânia, relata a estratégia de Cachoeira, que costumava manter ligações com políticos e autoridades. Antes de fechar o contrato com a Lotergs, Cachoeira chegou a contatar um grupo francês. Representantes da empresa francesa Editec - Frank Attal se deslocaram do Rio até o Rio Grande do Sul para fechar negócio com Cachoeira, mas ele teria desistido da parceria e fechado negócio com o grupo coreano.

O contrato com a Lotergs foi contestado pelo Palácio Piratini entre 2001 e 2002. Segundo avaliação da Secretaria da Fazenda, a proposta da Capital para a operação das loterias não seria economicamente viável. O Piratini revogou a licitação em que a Capital foi a única concorrente e vencedora, mas em setembro de 2002 a Justiça considerou válida a concorrência.

Em entrevista ao jornal O Popular, de Goiânia, Carlinhos Cachoeira afirma que não fez pagamento ao então presidente da Loteria do Estado do Rio (Loterj), Waldomiro Diniz.
 
– Aconteceu o pedido, mas não aconteceu o fato, hora nenhuma. Houve o pedido dele, mas eu não entreguei dinheiro algum. Eu não repassei dinheiro para ele – disse.
 
Cachoeira negou que tenha repassado dinheiro para a campanha de Geraldo Magela (PT), candidato ao governo do Distrito Federal. Também não confirmou se parte do dinheiro iria para as campanhas das candidatas ao governo do Rio na época Benedita da Silva (PT) e Rosinha Garotinho (que estava no PSB e hoje está no PMDB).

Cachoeira afirmou ainda que não é banqueiro de jogo do bicho, embora o Ministério Público de Goiás investigue seus negócios com jogos desde 1999 por suspeita de contravenção.

– Maldosamente esse repórter (da revista Época) me qualificou como bicheiro. Ele não entende o que é Cachoeira, o que é jogo do bicho e o que é jogo legal – afirmou Cachoeira.

A reportagem não conseguiu encontrar José Alfredo Petry, diretor da Loteria do Estado do Rio Grande do Sul (Lotergs), para falar sobre o assunto.

As informações são do jornal Zero Hora.  

 

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