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 | 26/02/2001 10h09min

Maior traficante gaúcho está preso na Colômbia

Nei Machado, braço-direito de Fernandinho Beira-Mar, foi detido por militares

O gaúcho Nei Machado, o ex-patrão de CTG que se tornou um dos principais cúmplices do traficante Fernandinho Beira-Mar, o foragido número 1 do país, foi preso por militares do Exército e da Marinha da Colômbia, na última quinta-feira. A ação ocorreu na região de Barranco de Minas, em um território dominado pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). A prisão de Nei Machado, o Pitoco, foi confirmada ontem pelo delegado Getúlio Bezerra, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal (PF), em Brasília, após um contato telefônico com o delegado Luiz Fernando Corrêa, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF do Rio Grande do Sul. Conforme a PF, a prisão de Machado ocorreu durante a Operação Gato Negro, realizada por militares na selva colombiana para prender guerrilheiros e traficantes de drogas. A Agência de Notícias do Exército da Colômbia confirmou ontem que pessoas presas na última semana durante a operação continuam detidas. O pedido de extradição do gaúcho, que está detido num quartel do Exército, em Villavicencio, a 200 quilômetros de Bogotá, deverá ser feito ainda nesta semana pelo governo brasileiro. Segundo Corrêa, Machado controla as operações de Beira-Mar e é o maior intermediário de vendas de cocaína, maconha e armas no sul do país. Desde a prisão de Jaime Amato Filho, em dezembro de 2000, Machado foi escolhido por Beira-Mar e passou à frente das operações de remessa de drogas e armas do Paraguai e da Colômbia para o Brasil. – Esse homem (Machado) é hoje o braço operacional do Beira-Mar – garante o delegado Corrêa. A PF gaúcha encaminhou, na quinta-feira, informações sobre Machado ao delegado Bezerra. Os dados confirmam que há dois mandados de prisão preventiva contra Nei Machado, emitidos em Passo Fundo, pela Justiça Federal, e um pedido de indiciamento feito pela CPI do Narcotráfico, que indicam seu envolvimento com o tráfico de cocaína no país. A prisão de Nei Machado na Colômbia reforça a convicção da PF de que Beira-Mar estaria foragido naquele país, sendo protegido por guerrilheiros das Farc. Investigações feitas pela PF apontam que o traficante gaúcho estava refugiado na Colômbia desde que Beira-Mar mandou matar João Morel, o Rei da Maconha, e dois de seus filhos, em janeiro. A localização de Machado teria sido fornecida por Jacqueline, namorada de Beira-Mar, presa durante a Operação Gato Negro, mas liberada pelas autoridades daquele país antes de o governo brasileiro conseguir sua extradição. A maior preocupação da PF, que se apressou em enviar documentos que incriminam Machado, é de que ele seja solto também, como ocorreu com Jacqueline. A Embaixada do Brasil na Colômbia já foi acionada para evitar a liberação. – Em termos de organização e poderio, ele (Machado) é o maior traficante procurado no Estado. Sua prisão tem o mérito de neutralizar um criminoso da zona de produção da droga – afirma Corrêa. Em Passo Fundo, a notícia da prisão de Machado foi recebida com surpresa pelo advogado Roque Letti, um dos defensores do foragido. Mantendo contato freqüente com Machado, por meio de familiares do traficante em Passo Fundo, Letti não acreditava na possibilidade de seu cliente estar na Colômbia. Letti disse ainda que não havia sido procurado pela família de Nei Machado. O ex-patrão de CTG Nei Machado, o Pitoco, é um dos responsáveis por transformar o Rio Grande do Sul em um dos Estados de maior consumo e distribuição de cocaína do país. As denúncias contra o ex-patrão estão no relatório final da CPI do Narcotráfico, concluído em novembro do ano passado. A relação de Pitoco com Fernandinho Beira-Mar, o líder do narcotráfico no país, foi revelada à CPI por um ex-policial civil, que durante depoimento revelou detalhes sobre o esquema controlado por Nei Machado, que seria o responsável pelo envio de até uma tonelada de cocaína para o Estado. Um grampo telefônico da PF também comprovou que o traficante gaúcho é o principal contato de Beira-Mar para a distribuição da droga no Brasil e até no Exterior. As ligações grampeadas para o traficante carioca eram feitas de um prefixo 54, da região de Passo Fundo, onde Nei Machado foi patrão de CTG. – Nunca me atrevi a divulgar a quantidade de droga enviada pelo esquema do Pitoco (Nei Machado), mas ele é sem dúvida o grande intermediário da venda de drogas no Sul do Brasil – revela o delegado Luiz Fernando Corrêa, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal. Um terço da droga – 300 quilos – enviada pelo esquema de Nei Machado e de Erineu Domingos Soligo, o Pingo, outro traficante gaúcho indiciado pela CPI, para o Estado, abastece a região de Porto Alegre. É o que descreve o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) no relatório fornecido à CPI sobre como o tráfico de drogas se organiza em solo gaúcho. – Que notícia boa! Com a prisão dele (de Pitoco), Beira-Mar perde um braço e pode ser o começo do desmonte da sua quadrilha – afirmou Pompeo.

KLÉCIO SANTOS – COLABOROU FERNANDA CRANCIO

 

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