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Opinião  | 06/07/2011 17h19min

Sacolas plásticas, um debate a ser ampliado

Artigo de Antônio Cesa Longo, economista e presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas)

Quando o assunto é responsabilidade ambiental, um tema recorrente emerge, de imediato, à cabeça dos brasileiros. Rotuladas como vilãs pela opinião pública, as sacolas plásticas nunca estiveram em tal evidência como agora. Recentemente, os governos de Minas Gerais e da cidade de São Paulo extinguiram os sacos plásticos convencionais dos supermercados. Experiências semelhantes instituídas em outros países e Estados, bem como estudos desenvolvidos por órgãos intimamente alinhados à questão sustentável, vêm provando no entanto, dia após dia, que este é um debate longo, promissor e indispensável, mas que está apenas começando.

A demonização dos sacos plásticos não é recente. O Paraná, por exemplo, estabeleceu há cerca de três anos que o varejo distribuísse aos consumidores exclusivamente sacolas de material oxibiodegradável, à época apontado como a solução. Atualmente, pesquisas comprovam que este material é mais prejudicial ao ecossistema do que as sacolas tradicionais, devido à ação química da substância adicionada ao plástico para acelerar sua decomposição.

Entendemos, pelo estágio inicial do debate no Brasil, que em Minas Gerais e em São Paulo, o equívoco poderá se repetir, e não podemos manter os consumidores na iminência de pagar essa conta.

Os supermercados gaúchos gastam R$ 190 milhões por ano com a aquisição de 1,5 bilhão de sacolas plásticas. O varejo seria, portanto, o maior beneficiado com a proibição da distribuição desse material. A melhor solução, no entanto, será aquela que favorecer a todos os segmentos da nossa sociedade. Se as sacolas plásticas forem proibidas nos supermercados, cada família gaúcha será onerada, em média, em R$ 15 mensais com a compra de embalagens para destinar seu lixo. Isso é: atualmente, se abolirmos as sacolas de plástico dos supermercados, estaremos, na prática, apenas trocando a cor dos nossos sacos de lixo, de branco para azul ou preto.

Além disso, não há alternativas consistentes para substituir as sacolas plásticas. Econômicas, duráveis, resistentes, práticas, higiênicas e inertes, são reutilizáveis e 100% recicláveis. Para tornar ainda mais complexo o debate, um instituto britânico divulgou, há dois meses, estudo que comprova que, para "empatar" com a sacola plástica em termos de sustentabilidade, um saco de algodão precisa ser utilizado 131 vezes sem ser lavado, em função dos danos causados à natureza em seu processo produtivo.

As sacolas plásticas tradicionais não poluem quimicamente o solo. Só trarão malefícios se descartadas equivocadamente. Elas têm o mesmo poder calorífico do diesel, e não aproveitar esse potencial é desperdiçar energia. E é exatamente nesse ponto que entra a participação do poder público: entendemos que é papel do governo, acima de qualquer outra esfera da sociedade, criar soluções para esse problema. Mais do que ampliar a coleta seletiva a toda a população, é imperativo, também, que se incentivem as cooperativas de catadores e criem-se usinas de reciclagem. Se aplicássemos aos sacos plásticos a mesma destinação das latinhas de bebidas, por exemplo, o problema estaria resolvido. O Brasil recicla 30% do lixo que produz, mas apenas 22% dos plásticos são reciclados. Além disso, embalar o lixo em plástico é uma recomendação dos órgãos de saúde para que se evitem contaminações.

É para discutir todas essas questões que realizaremos um fórum, no dia 26 de julho, trazendo imprensa, poder público, varejo, indústria e consumidores para o debate. Os supermercados gaúchos vão apoiar e aderir a qualquer alternativa que seja comprovadamente eficaz na redução do impacto ambiental e que mantenha a praticidade para a população.

A regulamentação da qualidade das sacolas plásticas distribuídas, o treinamento de empacotadores e uma maior conscientização dos gaúchos culminou com uma redução de 20% no uso de sacolinhas nos últimos três anos em nosso Estado. A Agas entende que é pouco, e que o consumo das sacolas plásticas ainda pode ser reduzido. Nossos estudos mostram que 65% das sacolas plásticas saem dos caixas sem ter sua capacidade total utilizada, e que 13% dos gaúchos levam sacolas extras para outras utilizações.

A solução pode começar, portanto, por nossas casas. O debate está inadiavelmente lançado.

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