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Arquitetura  | 16/05/2011 06h14min

Fazenda dentro do prédio

O cultivo de hortaliças em meio às grandes cidades ajudaria a reduzir a emissão de gases no transporte de alimentos e permitiria a diminuição do uso de herbicidas nas plantações

Pedro Moreira  |  pedro.moreira@zerohora.com.br

Foi no conceito de fazendas verticais que o arquiteto brasileiro Rafael Grinberg Costa encontrou uma solução para a utilização de dois prédios públicos degradados em São Paulo. Costa propôs, em 2009, a criação de fazendas de cultivo baseado na hidroponia nos edifícios São Vito e Mercúrio, localizados no centro da capital paulista.

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A iniciativa, entretanto, não saiu do papel. A prefeitura não demonstrou interesse, e os prédios foram demolidos para a construção de um parque.

Costa admite que as chances de implementação de um projeto desse tipo ainda são pequenas, tanto no Brasil quanto no restante do mundo, mas ressalta que o interesse pelo tema é crescente. Entre os projetos mais conhecidos, estão o Dragonfly, para Nova York, o Living Tower, para a França, o Orchard, para a Austrália, e o Living Skyscraper, para Londres.

Veja mais fotos dos projetos

Para o arquiteto, o primeiro país que implementar uma fazenda vertical estará na vanguarda em relação a esse tipo de produção urbana, livre dos riscos sofridos pela agricultura tradicional.

Os maiores interessados seriam países populosos e com pequena extensão territorial, como Japão e Holanda. Mas mesmo países com grande área cultivável, como China e EUA, têm de se preparar para um futuro com escassez de alimentos.

A perspectiva de que a população mundial tenha um acréscimo de 3 bilhões de pessoas até 2050 é um dos principais argumentos dos defensores das fazendas verticais - o aumento populacional exigiria o incremento de um pedaço de terra cultivável maior do que o Brasil para gerar comida suficiente para alimentar toda essa gente.

- Nesse momento, um projeto como esse serviria muito mais para a implantação de estudos ligados à hidroponia e à logística do processo. Mas temos de agir antes que acabem os meios, para que as próximas gerações tenham acesso ao que sobrou. Os planos só sairão do papel quando houver vontade política e conscientização do poder público e da sociedade - avalia Costa.

Coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da PUCRJ, Fernando Betim entende que a ideia pode ser aplicada em menor escala.

- É uma questão de dimensionar. Em função da necessidade, pode ser um edifício de porte grande ou pequeno - diz.

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Os prós da fazenda vertical

- O alimento é plantado, transportado e consumido na mesma região, evitando o desperdício

- Há produção de alimentos durante o ano inteiro

- Tem mais produtividade, pois a safra estará menos sujeita a problemas climáticos como seca, enchentes ou pragas

- Pode-se priorizar o cultivo de alimentos orgânicos, sem uso de herbicidas, pesticidas ou fertilizantes

- Se elimina a contaminação do solo por agrotóxicos

- Ocorre a reurbanização, com o aproveitamento de espaços abandonados ou degradados

- Reduz-se os danos causados pela agricultura ao ambiente

- Há a opção de reflorestar áreas antes utilizadas pela agricultura convencional

- Gera emprego urbano

- Reduz-se o uso de combustíveis fósseis e a emissão de gases poluentes: não são necessários tratores, arados e transporte

- Trata a água poluída

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Divulgação / 

Interior das construções seria dedicado ao cultivo de hortaliças
Foto:  Divulgação


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