Nosso Mundo | 28/02/2011 08h11min
Mal o Nosso Mundo surgia, em março de 2010, e o Brasil era declarado campeão mundial na produção de lixo eletrônico. Pouco tempo depois, após mais de 20 anos de tramitação, o Congresso aprovava, finalmente, a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Com a conquista, veio o desafio de implementá-la. É a mesma situação do Fundo Verde, criado em dezembro na COP-16, no México, ou então do acordo de proteção à biodiversidade, estabelecido em Nagoya, no Japão.
Foi um ano de conquistas significativas no campo das decisões políticas. O desafio agora se impõe sobre a capacidade de colocá-las em prática.
Fica o compromisso de acompanhar, ao longo de 2011, os esforços mundiais por um planeta mais equilibrado.
Veja galeria de fotos com os 10 temas do último ano
1) Tempo para a biodiversidade
Um ano inteiro dedicado à preservação da natureza. Por uma decisão da ONU, 2010 foi o Ano da Biodiversidade. A
10ª Conferência das Partes (COP-10) reuniu, em outubro, representantes de mais de 180 países em Nagoya, no Japão. Um dos resultados foi o Plano Estratégico, com 20 objetivos para combater a redução da biodiversidade até 2020.
Para Marcos Vaz, diretor de Sustentabilidade da Natura, a COP-10 teve êxito. Ainda assim, quando o assunto é o marco regulatório que orienta o uso da biodiversidade brasileira, é preciso avançar:
- A lei tem boa intenção, mas lacunas importantes que acabam por travar a pesquisa e a inovação.
2) O desafio do carro elétrico
Futuro quase inevitável da indústria automotiva, o carro elétrico ainda esbarra em sérios problemas, como os altos custos de desenvolvimento, a baixa autonomia das baterias e as dificuldades para reabastecê-las.
Seria necessário construir uma rede de eletricidade nas estradas e nas ruas praticamente exclusiva para o veículos. Nesse cenário, o modelo mais viável é mesmo o híbrido. Esse tipo combina propulsão a combustão com um ou mais motores elétricos.
Nas tecnologias mais avançadas do momento, o próprio carro recarrega as baterias. No entanto, outra vez, enfrenta a barreira do preço. Lançado no mercado brasileiro no ano passado, o Ford Fusion híbrido é cerca de R$ 50 mil mais caro do que o tradicional.
3) Fundo Verde para o planeta
As discussões da COP-16, realizadas em Cancún, no México, em dezembro passado, foram menos badaladas e mais produtivas do que as de sua antecessora, a COP-15, em Copenhague.
A regulamentação do Fundo Verde foi comemorada pelos países em desenvolvimento. O mecanismo, que terá o Banco Mundial como tesoureiro provisório, fornecerá US$ 100 bilhões anuais para ações de combate à mudança do clima nesses países.
Ainda assim, a definição de metas de redução de emissões para os países desenvolvidos ficou para o ano que vem, em Durban, na África do Sul.
- Se avançou em questões importantes que estavam sendo discutidas e negociadas há tempos - afirma Eduardo Baltar, diretor da Enerbio Consultoria e membro da delegação brasileira na COP-15 e na COP-16.
4) Mais energia vinda do sol
Decidida a limpar sua matriz energética, a Europa se jogou de vez no cultivo das "fazendas solares", especialmente daquelas localizadas na África. De acordo com o Instituto de Energia da Comissão Europeia, apenas 0,3% do sol que ilumina os desertos do Oriente Médio e do Saara seria suficiente para satisfazer todas as necessidades europeias.
Os EUA não ficam atrás e também investem no aproveitamento do sol da iluminada Flórida para abastecer o alto consumo de energia dos norte-americanos.
A tendência deve fazer eco no Brasil ao longo de 2011. Muito embora o país apresente um uso para lá de tímido de seu alto potencial para energia solar.
5) Ilumine com o LED
Três letras se repetiram com frequência: LED. Inicialmente usados apenas como sinalizador, as aplicações do produto têm crescido, alcançando televisores, lâmpadas e, até mesmo, semáforos.
A tecnologia permite iluminar com baixo consumo energético, sem metais pesados como o mercúrio na composição e com alta durabilidade e eficiência. Hoje um dos desafios ainda é o preço, superior aos produtos convencionais.
- Daqui a 10 anos, deveremos ter apenas lâmpadas de LED - acredita o engenheiro Odilon Francisco Duarte, do Grupo de Eficiência Energética da PUCRS.
6) Cobertura verde no teto
Ele começou tímido no início de 2010, mas foi conquistando o topo de dezenas de construções Brasil afora. O telhado verde, que nada mais é do que uma cobertura vegetal, serve para melhorar a eficiência energética dos prédios, atuando na melhoria de seu conforto térmico, além de ajudar na drenagem da água da chuva e na captura de CO2 dos grandes centros.
Em 2011, os telhados verdes devem ganhar a companhia dos brancos, que refletem a luz solar e ajudam a economizar energia, e também das paredes verdes. Lembra da trepadeira da sua avó que cobria as paredes externas da casa? Pois é, ela deve voltar à moda em breve.
7) Combate à mudança do clima
Com o decreto assinado em 9 de dezembro, a Política Nacional de Mudanças Climáticas foi regulamentada, e detalhes técnicos, como a recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens degradadas, foram definidos.
A advogada Bibiana Azambuja da Silva, especialista em direito ambiental, vê o decreto como um passo importante para o desenvolvimento de novas ações e o alinhamento das que já existem. Entre as exigências, está a redução em 80% na média do que foi desmatado da Amazônia Legal entre 1996 e 2005.
- Agora os setores terão de se organizar para reduzir a emissão de gases - diz a advogada.
8) Nasce um plástico novo
Um dos principais argumentos que dava ao plástico o estatus de vilão era sua matéria-prima não renovável, o petróleo. Depois de muita pesquisa, essa barreira foi quebrada em 2010. Um polo de produção de polietileno a partir de cana-de-açúcar foi instalado pela Braskem em Triunfo (RS).
Além disso, o bioplástico, feito a partir de culturas como milho, mandioca e batata ganhou espaço em grandes supermercados, como o Carrefour. João Carlos de Godoy Moreira, presidente da Biomater, que produz plástico compostável, conta que o aumento do fluxo de informações tem impulsionado o setor:
- O interesse tem crescido bastante e temos um bom potencial de produção.
9) O tecido de PET é moda
O consumo de resina PET no Brasil dobrou entre 2000 e 2010. Ou seja, fabricou-se produtos a partir dessa matéria-prima como nunca, especialmente as garrafinhas, garrafas e garrafões.
Fato é que nunca se viu tanta coisa feita a partir do PET como no último ano. Teve camiseta, calça, vestido, bolsa, sofá e até a camisa da seleção brasileira.
Com esse boom na demanda pela matéria-prima, o mercado da reciclagem ganhou a chance de se modernizar, gerar mais renda e consolidar um comércio justo que deve se tornar modelo para o mundo.
10) Lixo ganha lei no Brasil
Foram 21 anos em tramitação até que, em 2010, a Política Nacional dos Resíduos Sólidos foi aprovada. Entre as novidades está o conceito de logística reversa, que obriga fabricantes, distribuidores e vendedores a recolher embalagens usadas, pilhas, eletroeletrônicos e lâmpadas. Os consumidores também são obrigados a separar seu lixo onde há coleta seletiva.
Em fevereiro, foi instalado o Comitê do Lixo Eletrônico, que envolve cinco ministérios. O próximo passo, segundo Silvano Silvério da Costa, secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, é a instalação do comitê da logística reversa:
- Felizmente, agora o processo está bem acelerado.
ZERO HORAGrupo RBS Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2011 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.