Saúde | 07/02/2011 00h10min
- Há mais de cinco anos os americanos já discutem o bisfenol e aqui ninguém sabe o que significa - explica a tradutora Fabiana Dupond, que, em março do ano passado, criou, com a jornalista Fernanda Medeiros, o portal otaodoconsumo.com.br.
O foco do trabalho das duas - informar - é o mesmo do engenheiro agrônomo e ambientalista Luiz Jacques Saldanha que, desde 2004, mantém o www.nossofuturoroubado.com.br. Fluente em cinco idiomas, Saldanha, que discute o assunto há mais de 10 anos, traduz artigos e reportagens de todo o mundo para ajudar os brasileiros a entenderem os riscos que correm se expondo a químicos como o bisfenol A.
- Não adianta exigirmos mudanças por parte do governo e da indústria se o cidadão não agir de forma responsável - justifica o engenheiro agrônomo.
O engajamento de pessoas como Fabiana e Saldanha ganhou força no final do ano passado, quando foi lançada a campanha da Sbem-SP. Além das pesquisas, que devem se estender a outras substâncias químicas, o objetivo do grupo de médicos é trazer informação para a sociedade.
Onde está a substância e quais os seus riscos
Policarbonatos
Plásticos firmes, transparentes e brilhantes usados em potes para armazenar alimentos, mamadeiras e alguns copos infantis. Os policarbonatos são indicados pelo número 7 na parte interna do triângulo de reciclagem.
Resina epóxi
Usada na parte interna de latas para a proteção. Alimentos enlatados como milho, ervilha e atum estão suscetíveis ao contato. Latas de refrigerantes ou cervejas também usam essa resina como revestimento e contém bisfenol.
Os problemas para a saúde
A grande questão levantada pelos endocrinologistas é a estrutura química do bisfenol A. Por ser muito semelhante a do estrógeno, hormônio feminino, em excesso, ele pode ter ação parecida, provocando alterações.
Isso ocorre porque os hormônios atuam em um sistema de receptores específicos, em uma relação parecida com uma chave e uma fechadura, o que poderia fazer com que o bisfenol, de alguma forma, "competisse" com o estrogênio natural.
Ainda não se sabe com qual intensidade e frequência isso ocorre, mas o excesso de ação estrogênica poderia atrapalhar a ação do hormônio masculino, o andrógeno. Por esses motivos, o bisfenol é tido como um desregulador endócrino, colaborando para as seguintes alterações:
1) Antecipação da puberdade em meninas
2) Tendência à obesidade
3) Problemas de tireoide
4) Aumento de mamas em homem (ginecomastia)
5) Homens com o canal da urina mais curto (hipospádia)
Há pesquisas que relacionam o bisfenol com a maior probabilidade de desenvolvimento de cânceres como o de mama.
ZERO HORAGrupo RBS Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2011 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.