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Mudanças Climáticas  | 03/02/2011 20h26min

Crustáceo teria se adaptado a mudanças ambientais

Genes de ser aquático apresenta sinais que podem ser uma adaptação a desequilíbrios no ambiente

A dáfnia, um tipo de crustáceo aquático minúsculo e translúcido que se reproduz por via assexuada e vive em lagos e lagoas tem mais genes do que qualquer outra criatura. Alguns deles, desconhecidos em outras espécies, podem ser adaptações a desequilíbrios ambientais, afirmaram os cientistas que conseguiram sequenciar o genoma do animal.

Também conhecido como pulga d'água, o crustáceo cujo nome científico é Daphnia pulex, inspirado na ninfa da mitologia grega que se transforma em árvore para escapar do apaixonado Apolo, tem 31 mil genes, enquanto os seres humanos têm cerca de 23 mil, destacou o estudo, publicado na revista científica americana Science.

Frequentemente pesquisados por cientistas interessados em compreender os efeitos da poluição e das mudanças climáticas em outras espécies, a quase microscópica dáfnia é o primeiro crustáceo a ter seu genoma sequenciado.

Mas só porque esta criatura - considerada um biomarcador dos mares do mundo - tem mais genes não significa necessariamente que sejam singulares, explicou o chefe do projeto, John Colbourne, diretor de estudos genéticos do Centro de Genoma e Bioinformática da Universidade de Indiana em Bloomington:

- O alto número de genes da dáfnia deve-se, em grande parte, a seus genes se multiplicarem, criando cópias a uma taxa mais elevada do que outras espécies.

A dáfnia tem um número mais elevado de genes inéditos, bem como grande parte dos mesmos genes encontrados em humanos e na maior parte dos insetos e crustáceos conhecidos até agora pelos cientistas.

- Mais de um terço dos genes da dáfnia não estão registrados em qualquer outro organismo. Em outras palavras, são completamente novos para a ciência - declarou Don Gilbert, coautor e pesquisador do Departamento de Biologia da universidade americana.


Descoberta ajudará nas pesquisas com humanos

Segundo o estudo, "esses genes únicos e antes desconhecidos estão implicados na resposta ao ambiente". James Klaunig, professor de saúde ambiental da Universidade de Indiana, disse que o código genético da dáfnia ajudará os cientistas a estudar os efeitos da poluição ambiental em humanos:

- A pesquisa genética nas respostas dos animais ao estresse (no ambiente) tem implicações importantes para estimar os riscos ambientais aos humanos - explicou Klaunig. - A dáfnia é dotada de um apurado sensor aquático, uma versão mais moderna e avançada daqueles canários utilizados nas minas para detectar vazamentos - acrescentou.

A pulga d'água pode ser encontrada em toda a América do Norte, na Europa e na Austrália. O Consórcio do Genoma da Dáfnia, chefiado pelo departamento de Genética e Bioinformática da Universidade de Indiana em Bloomington e pelo Departamento Americano de Energia em conjunto com o Instituto Genoma, incluiu mais de 450 cientistas em todo o mundo.

AFP
 

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