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 | 11/10/2008 22h02min

Douglas Costa admite que rotina mudou após estréia no Grêmio

Meia agora tenta se acostumar com o assédio de torcedores

Daniel Feix  |  daniel.feix@zerohora.com.br

O meia Douglas Costa estreou fazendo gol com a camisa do Grêmio e já mostrou qualidade para seguir na equipe principal. Junto ao jogador que se impôs com desenvoltura ao substituir o capitão Tcheco no momento mais delicado do Tricolor no Campeonato Brasileiro coexiste um menino humilde e retraído, cuja habilidade para lidar com a fama – ainda – é inversamente proporcional à habilidade para lidar com a bola. O atleta, 18 anos feitos em 14 de setembro, parece não ter a dimensão exata dos R$ 80 milhões que vale seu futebol. Apesar de dizer que sua vida segue normal, reconhece que muitas coisas mudaram:

– Minha vida está normal, como sempre esteve. Mas está diferente – ele disse, lembrando que sua rotina mudou radicalmente em menos de duas semanas.

– Meu passatempo preferido é ficar com a família. Também gosto de jogar videogame, ir ao shopping. Mas desde o jogo contra o Botafogo não está dando mais para circular como antes – observou.

Prova disso foi uma rápida ida ao posto bancário no pátio do estádio, pouco antes do treino da tarde de sexta-feira: Douglas acabou cercado por torcedores, que gritaram seu nome, sacaram os celulares com câmeras fotográficas e as canetas para os autógrafos. Pacientemente, cheio de uma vergonha juvenil, atendeu a todos – o tempo inteiro com o olho buscando discretamente um funcionário do clube que lhe dissesse a hora de parar. O treino já estava por começar, e ele ainda precisava passar no vestiário para calçar as chuteiras.

– Eu tinha de ir ali pagar umas contas lá de casa – se apressou em explicar assim que avistou o assessor de imprensa Vitor Rodrigues.

Técnico dos juniores se impressiona com o seu interesse na carreira

Douglas nasceu em Sapucaia do Sul, no Vale do Sinos. Aos 12 anos se mudou para Esteio, onde o pai foi trabalhar como mecânico numa oficina. Inspirado pelo velho, jogador de várzea na Região Metropolitana, enturmou-se com a gurizada das quadras de futsal do Clube dos Empregados da Petrobras (Cepe). O homem, revela o próprio Douglas, logo percebeu que estava diante de um fora-de-série:

– O pai sempre disse que o sucesso chegaria rapidamente, era só questão de estar preparado para ele – salientou.

À mesma época o moleque já jogava nas categorias de base do Novo Hamburgo. Mas foi no próprio Cepe, numa quadra de cimento, que foi visto por um olheiro gremista.

– Ele tinha uma certa fama por lá, informações dele já haviam chegado até a gente – revelou Julinho Camargo, treinador dos juniores do Grêmio.

Ainda era 2002, mesmo ano de sua saída de Sapucaia, e Douglas já estava no clube da Capital, dormindo na concentração das categorias de base, voltando para casa apenas nos fins de semana. A escola ele largou na 5ª Série.

– É impressionante como é aplicado, interessado na própria carreira – comentou Camargo.

Sobre o talento do garoto, o treinador foi enfático:

– É raro. O Douglas é daqueles jogadores que, quando parte para o drible, ninguém tira a bola dele. Em 18 anos de profissão, trabalhei com um ou outro além dele, e olha lá – disse Camargo.

Certo de que o guri tinha potencial, o Grêmio começou em 2005 a trabalhar a estrutura física. Com 15 anos, o pequeno jogador pesava 43 quilos. Hoje, depois de mais de três anos de exercícios específicos e suplementos alimentares à base de aminoácidos em forma de cápsulas e vitaminas, tem 64 quilos. A altura, que não é definitiva – a previsão dos médicos e fisiologistas é de que cresça cerca de dois centímetros –, também já é adequada: 1m72cm.

Tudo isso permitiu ao técnico Celso Roth lançá-lo no time que lidera o Brasileirão, embora em momento de turbulência pós-Gre-Nal.

– Ele já demonstrou que está preparado – avalia o técnico Celso Roth. – Sabe o que a gente quer dizer quando a gente fala.

Só de massa muscular ganhou três quilos. E pôde desenvolver algo que, às vezes, tanta falta faz aos craques brasileiros: cultura tática e habilidade com todos os fundamentos.

– O resultado, curiosamente, é a alegria completa daqueles que admiram o talento individual. É a alegria dos românticos do futebol – sorri Roth. – O Rio Grande do Sul está cheio deles.

ZERO HORA
 

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