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Perdas na suinocultura chegam a R$ 250 milhões

Falta de milho e baixo preço dos animais são causas do prejuízo

A suinocultura é considerada como o motor que movimenta a economia da região oeste. Com a crise que se estende por oito meses e perdas estimadas em R$ 250 milhões pela Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS), muitos municípios estão sentido o baque com retração nas vendas do comércio, demissões e queda na arrecadação. Três já decretaram situação de emergência: São José do Cedro, Seara e Tunápolis.

O vice-prefeito e secretário de Agricultura de Xavantina, Osmar Dervanoski, estima que a arrecadação deve cair entre R$ 6 milhões a R$ 7 milhões em 2002. Comparando com os R$ 55 milhões do ano passado, a queda deve girar em torno de 12%. Dervanoski disse que até novembro a arrecadação do município foi de R$ 34 milhões, contra R$ 45 milhões no ano passado.

Mesmo com uma boa arrecadação prevista para dezembro, com o pagamento de alguns impostos atrasados, a receita deve ficar bem abaixo do esperado. O vice-prefeito explicou que o baque maior não deve ser no orçamento de 2003, pois o repasse de verbas para os municípios é baseado na arrecadação do ano anterior. Com isso, o efeito maior da crise deste ano será sentido pelas prefeituras em 2004.

A exportação de milho sem a manutenção de estoques reguladores foi um dos fatores que desencadeou a crise da suinocultura, segundo o diretor executivo da Bolsa de Mercadorias e Cereais de Santa Catarina, Antônio Carlos Zapelini. Ele disse que, enquanto o Brasil vendia matéria-prima barata para os concorrentes brasileiros no setor de carnes, deixava de faturar com produtos de maior valor agregado como cortes, carcaças e industrializados de carne.

Em virtude da falta de milho no mercado interno, os custos se elevaram, onde a saca de milho chegou a R$ 27, sacrificando a renda dos criadores para manter a competitividade. Zapelini disse que o valor atual da saca de milho não poderia estar superior a R$ 20. No entanto, o preço ao produtor de milho está em R$ 23 e a Conab chegou a pagar R$ 27 no último leilão.

O secretário-geral da Faesc, Enori Barbieri, disse que ainda restam 50 dias para entrar milho novo. Ele destacou que a Conab está disponibilizando apenas 90 mil toneladas de milho neste ano, quando o reivindicado era 300 mil toneladas.

Barbieri afirmou que o novo governo deve agir com urgência para trazer milho da Argentina ou Paraguai ainda no início de janeiro, sob risco de faltar produto. Além disso, apesar de Santa Catarina prever um acréscimo de 20% na safra, passando de 3,15 milhões para 4 milhões de toneladas, a safra brasileira deve atingir apenas 36 milhões de toneladas, o que deve atender apenas o consumo interno.

O presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Paulo Tramontini, destacou que os suinocultores chegaram a ter R$ 40 de prejuízo por animal, em virtude do preço do milho, que saltou de R$ 12 em 2001 para R$ 23 a R$ 25 em 2002. A saca de soja saltou de R$ 22 para R$ 44.

Enquanto isso, o preço do suíno baixou de R$ 1,35 em janeiro para R$ 1,12 em abril, ficou estagnado vários meses e somente nas últimas semanas se recuperou, chegando a R$ 1,45. No entanto, Tramontini avalia que a remuneração ao produtor deveria estar entre R$ 1,90 a R$ 2.

DARCI DEBONA / DIÁRIO CATARINENSE
 

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