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 | 01/02/2007 07h10min

Eleição na Câmara expõe fratura na ala governista

Risco de a presidência cair nas mãos da oposição é pequeno

Revestida de tons dramáticos, a eleição para a presidência da Câmara – às 15h de hoje, com transmissão pelo clicRBS – coloca em campos opostos os principais aliados do governo Lula no início do segundo mandato e pode alterar a correlação de forças no Congresso. Embora sejam escassos os riscos de o comando da Casa cair nas mãos da oposição, a divisão governista entre as candidaturas de Aldo Rebelo (PC do B-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP) expõe uma fratura na coalizão e ameaça a formação de uma maioria parlamentar alinhada aos interesses do Palácio do Planalto.

O exemplo mais visível da falta de sintonia entre os aliados do governo foi a formação de três blocos políticos na Câmara. Defensores da candidatura de Aldo, PC do B, PSB, PDT, PAN, PMN e PHS reuniram 70 deputados numa frente disposta a mostrar independência do Planalto. Principais partidos de oposição, PSDB, PFL e PPS repetiram a fórmula e agruparam 153 parlamentares. Nem todos, porém, votam no candidato tucano Gustavo Fruet (PR). O PFL, com 65 deputados, afiançou apoio a Aldo.

Assustados com a iniciativa dos rivais, PT e PMDB agiram rápido e anunciaram a criação de um bloco com 273 parlamentares, composto por oito partidos. Mais do que um revide, a ação de PT e PMDB tem o objetivo de emitir um alerta aos adversários: ao agrupar mais da metade dos 513 deputados, o bloco tem poder para eleger Chinaglia no primeiro turno.

Ontem à tarde, os apoiadores de Chinaglia contabilizavam 230 votos garantidos para o petista. Num caderno, tinham anotados os nomes de outros cem deputados cujo apoio ainda não estava confirmado. Prestes a assumir o quarto mandato após 13 anos longe da Casa, o ex-presidente da Câmara Ibsen Pinheiro (PMDB) acredita que a formação de grupos contra Chinaglia produziu um efeito até então inédito nesta eleição: a aglutinação das forças, antes dispersas, em favor do petista. Segundo Ibsen, nem mesmo o alto índice de traição em votações secretas, como é o caso da eleição à presidência da Casa, assusta o PT:

– Se a traição for homogênea, ainda assim o Chinaglia pode vencer no primeiro turno, já que ele tem eleitores nos blocos de oposição.

Para o grupo de Chinaglia, a ameaça representada pela união dos aliados de Aldo e Fruet pode resultar em prejuízos políticos para a oposição, que ficaria alijada dos principais cargos na Mesa Diretora. Dona da terceira maior bancada, com 66 deputados, o PSDB teria direito à 1ª-vice-presidência da Casa.

A amplitude do bloco pró-Chinaglia, porém, dá ao grupo a presidência, a 1ª-vice-presidência e a 1ª secretaria. A fragilidade da frente liderada pelos tucanos é considerada vital para o sucesso de Chinaglia num eventual segundo turno. Numa nova rodada de votação, os tucanos já negociam um apoio a Chinaglia para preservar a 1ª-vice-presidência. A adesão tucana é dada como certa no comando da candidatura de Chinaglia, tanto que ontem, durante uma reunião para dividir os espaços na Mesa Diretora, o cargo foi reservado à sigla.

– O PSDB se precipitou ao anunciar apoio ao Chinaglia há três semanas. Tanto que voltou atrás e lançou Fruet. Agora ficou numa posição delicada e provavelmente terá de negociar com o PT – avalia o consultor político Murillo Aragão.

Oficialmente, porém, os tucanos negam qualquer possibilidade de apoio a Chinaglia no segundo turno. O líder da minoria, Júlio Redecker (PSDB), espera que a divisão da base aliada acabe levando Fruet para o segundo turno, hipótese considerada remota pelos principais líderes de bancada. Alheio à disputa, o minúsculo P-Sol, com apenas três deputados, aproveita a confusão gerada pelas três candidaturas para criticar os conchavos partidários realizados nos últimos dias.

– O que está em jogo aqui é a pequena política e a fisiologia. São blocos formados apenas com vista aos benefícios que o poder traz – diz o líder do P-Sol,  Chico Alencar (RJ).

ZERO HORA
 

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