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 | 28/12/2006 23h36min

Ataques no Rio deixam 18 mortos e muitos feridos

Bilhetes dos bandidos acusaram governo do Estado de apoiar milícias

Os passageiros de um ônibus interestadual tornaram-se vítimas nesta quinta, no Rio de Janeiro, de um novo patamar da selvageria promovida por organizações criminosas no país. As 28 pessoas que viajavam do Espírito Santo a São Paulo viveram momentos aterrorizadores ao ser impedidas de desembarcar enquanto o interior do veículo era encharcado com gasolina e incendiado por bandidos.

Em meio ao desespero das chamas, parte dos passageiros não conseguiu liberar as saídas de emergência ou quebrar os vidros das janelas. Sete morreram carbonizados e 12 ficaram feridos, na maioria idosos sem forças para escapar.

A barbárie foi o ato inaugural de um dia de terror na Cidade Maravilhosa. No final da tarde, a contabilidade macabra dos atentados e confrontos entre polícia e criminosos era de 18 mortos e pelo menos 23 feridos. Houve ataques contra delegacias, instalações da PM, ônibus, shopping center e viaturas.

Os cariocas despertaram com a cidade conflagrada. A violência, que paralisou parte do comércio e manteve moradores e turistas acuados, explodiu à 1h desta quinta, quando 30 homens armados interceptaram na Rodovia Washington Luiz o ônibus da Viação Itapemirim.

Parte dos passageiros acordou na mira de fuzis e pistolas. A gasolina espalhada pelo corredor fez as chamas crescerem rapidamente. No desespero, alguns ainda conseguiram quebrar vidros e pular.

Os feridos precisaram esperar quase duas horas por socorro, sob fogo cruzado, porque um tiroteio entre os bandidos e PMs impediu a aproximação dos bombeiros. Três suspeitos foram presos com queimaduras pelo corpo e fuligem nas mãos. Segundo a Polícia Civil, teriam roubado combustível e dinheiro de um posto próximo.

Enquanto o ônibus ardia e os ataques se espalhavam pela cidade, o cabo da PM Marcelo da Silva Oliveira, 31 anos, era encurralado em sua viatura, na Barra da Tijuca, por bandidos em três carros. Foi morto à queima-roupa, com dois tiros, no dia em que festejaria os sete anos de sua filha. Ferido, um PM que acompanhava Oliveira matou um bandido que se aproximava com dois fuzis.

Com a violência e o terror espalhados, a polícia entrou em ação. Sete supostos criminosos morreram em confrontos. Junto às ações criminosas, os bandidos lançaram bilhetes com ataques à governadora Rosinha Garotinho e seu marido, o ex-governador Anthony Garotinho, acusando o casal de incentivar as milícias.

Em Botafogo, após o ataque a uma cabine da PM logo após a meia-noite, foram deixados panfletos com os dizeres: "Rosinha e Garotinho apóiam a 'melíssia' (sic) contra o pobre e o favelado e a resposta é Rio de sangue". As milícias são grupos de policiais pagos por moradores para garantir segurança.

Como no caso das três ondas de ataques que mancharam São Paulo de sangue em 2006, o dia de pavor carioca teria sido promovido por ordem de presos descontentes com o iminente endurecimento do regime disciplinar nas cadeias a partir da troca de comando do governo do Estado.

O secretário de Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos, disse que o governo sabia havia mais de um mês que os criminosos preparavam ataques para esta quinta, insatisfeitos com as milícias. As autoridades garantiram ter se preparado.

– Nenhuma inteligência de nenhum lugar do mundo poderia evitar que um débil mental pusesse fogo num ônibus com pessoas dentro. Vamos para o confronto – disse Ricardo Hallak, chefe da Polícia Civil.

ZERO HORA
 

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