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 | 02/12/2006 00h55min

Mistério sobre volta de Fidel Castro aumenta em Havana

Filho de Fidel disse que o pai está se recuperando

A série de mensagens ambíguas ouvidas nas últimas horas em Cuba apenas aumentou a confusão sobre o estado de saúde de Fidel Castro e sua possível reaparição em público no desfile militar que será organizado neste sábado em Havana. A homenagem convocada pela Fundação Guayasamín para comemorar os 80 anos de Castro, afastado do poder desde 31 de julho por causa de uma doença considerada segredo de Estado, não contribuiu para acabar com a incógnita.

Após uma semana de mensagens encorajadores mas imprecisas sobre a evolução do líder cubano, o vice-presidente, Carlos Lage, surpreendeu na noite desta sexta-feira. Num veemente discurso político, ele falou com otimismo sobre a recuperação do líder mas também falou claramente sobre o futuro de Cuba sem ele.

– Fidel se recupera, vai continuar entre nós, para nos conduzir. Pediremos que continue por mais alguns anos – disse Lage. Ele garantiu que o presidente colabora ativa e disciplinadamente com a sua recuperação, atento a tudo.

A insistência na recuperação do chefe da revolução não impediu Lage de traçar um cenário sem Fidel Castro no qual "não haverá sucessão, haverá continuidade", disse, diante do ministro da Defesa e presidente interino, Raúl Castro.

Os carros encouraçados estão alinhados, as caixas de som instaladas, as cadeiras arrumadas. A Praça da Revolução está pronta para o início de um grande desfile militar neste sábado, no qual o único mistério é a presença do líder. Soldados poliam e finalizavam os detalhes nos mais de 120 veículos militares, de tanques a lança-mísseis, que aguardam alinhados em uma das ruas que levam à praça central de Havana. Membros da organização davam os últimos retoques nas tribunas e turistas aproveitavam a paisagem incomum para tirar fotos. No entanto, Fidel Castro continua sendo a grande dúvida.

– Eu não posso prever, mas sim dizer que estamos muito contentes com todas as atividades que ocorreram e que amanhã, no 50º aniversário do desembarque do Granma, será uma data de muita alegria e emoção para todos os cubanos – disse hoje Fidel Castro Díaz-Balart, filho mais velho do comandante-em-chefe.

– O que espero é que tenhamos a felicidade de vê-lo em breve – acrescentou, ao assegurar à imprensa no Museu de Belas Artes que seu pai "está se recuperando".

Quatro meses depois de deixar temporariamente o poder após uma intervenção cirúrgica por causa de uma doença que é mantida como "segredo de Estado", Castro continua convalescente e não voltou a aparecer em público desde 26 de julho.

As declarações do ministro das Relações Exteriores de Cuba, Felipe Pérez Roque, em um dos atos de homenagem a Castro, nas quais afirmava que o líder cubano "retornando ao combate" proporcionará aos inimigos da revolução uma nova derrota, não elucidaram o mistério. O presidente da Assembléia Nacional do Poder Popular (Parlamento cubano), Ricardo Alarcón, também aproveitou sua participação no colóquio organizado pela Fundação Guayasamín, para assinalar que "todos concordam que (Castro) tem que se cuidar".

Na terça-feira, nas boas-vindas para os convidados, um locutor da televisão cubana leu uma mensagem na qual o chefe da revolução pedia desculpas por sua ausência.

"Eu ainda não estou em condições, segundo os médicos, de enfrentar um encontro tão colossal. Optei pela alternativa de lhes falar usando este meio", explicou na carta.

Enquanto isso, chefes de Estado e altos funcionários de vários países chegaram a Cuba para ver o desfile, para o qual, segundo a imprensa cubana, 300 mil cidadãos estão convocados. Ontem chegou o presidente do Haiti, René Préval. O presidente da Bolívia, Evo Morales, e o governante eleito da Nicarágua, Daniel Ortega, ocuparão um lugar especial no desfile como convidados e principais aliados de Havana. Quem não estará presente é o chefe de Estado da Venezuela, Hugo Chávez, principal parceiro e aliado político de Castro, que no domingo encara uma eleição presidencial em seu país. Segundo o jornal Granma, órgão oficial do Partido Comunista de Cuba, Chávez "lamentou não poder viajar para Havana para participar das comemorações pelo 80º aniversário de Fidel, mas prometeu uma visita após sua vitória nas eleições".

AGÊNCIA EFE
 

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