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 | 06/11/2006 17h02min

Cuba completa 100 dias de governo provisório nesta terça

Afastamento de Fidel não trouxe mudanças para a população cubana

Continuidade e normalidade marcaram os primeiros 100 dias do governo provisório de Raúl Castro que se completam nesta terça. Sua administração até agora foi voltada para uma campanha anticorrupção e para os preparativos de um grande desfile militar previsto para dezembro.

Em um fato sem precedentes, em 31 de julho Fidel Castro delegou provisoriamente suas atribuições a seu irmão mais novo depois de se submeter a uma delicada intervenção cirúrgica por causa de uma hemorragia intestinal. Desde então a imprensa oficial da ilha evita utilizar o termo "presidente interino" e continua a se referir a Raúl Castro como ministro das Forças Armadas, vice-presidente do governo e segundo secretário do Partido Comunista de Cuba.

Assessorado por seis "homens fortes" da equipe de Fidel e do Partido, Raúl Castro, de 75 anos, manteve a campanha de luta contra a corrupção iniciada pelo líder cubano e levou adiante a estratégia de fortalecer o papel do Partido Comunista de Cuba, instituição fiadora do futuro da revolução. Em seus primeiros cem dias de governo, Raúl Castro foi anfitrião da Cúpula do Movimento dos Não-Alinhados de Havana (de 11 a 16 de setembro) e recebeu delegações internacionais de alto nível.

Além disso, nomeou o comandante Ramiro Valdés, um veterano da revolução, ministro de Informática e Comunicações, e Jorge Luis Sierra, membro do Birô Político do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, ministro dos Transportes. Neste período, Raúl Castro também teve que responder aos rumores sobre a evolução do estado de saúde de Fidel, que é mantido como "segredo de Estado".

A falta de relatórios médicos sobre a situação do líder cubano foi compensada por mensagens otimistas de altos funcionários do governo e pela divulgação de fotografias e imagens gravadas pelo líder da revolução. No último vídeo divulgado pela televisão local, em 28 de outubro, Fidel está com melhor aspecto do que há um mês e meio, mas ainda abatido e com dificuldades para se movimentar.

– Agora vamos ver o que dirão, agora terão que me ressuscitar. Eu não estou preocupado, não temo o que pode acontecer, mas (os rumores sobre sua saúde) chegam a ser ridículos – disse Castro, de 80 anos, no vídeo.

A atenção dos cubanos está voltada agora para o dia 2 de dezembro, quando um grande desfile militar, o primeiro em 10 anos, lembrará o 50º aniversário das Forças Armadas Revolucionárias e o 80º aniversário de Fidel Castro, que não pôde ser celebrado em 13 de agosto, como estava previsto. Raúl Castro supervisiona pessoalmente os preparativos do desfile, que acontecerá na Praça da Revolução de Havana, enquanto a população se pergunta se a parada militar servirá de cenário para a reaparição pública de Fidel Castro.

Na vida diária dos cubanos, no entanto, nada mudou neste período. A doença de Fidel Castro não é um tema de conversa habitual nas ruas e é reservado para conversas com amigos mais próximos ou a família. Com salários médios entre US$ 12 e US$ 15, os cubanos continuam mais preocupados em "resolver" (termo cubano para "se virar"), recorrendo às fórmulas mais inesperadas para chegar ao final do mês.

Os cubanos começam a se acostumar aos poucos e breves discursos públicos de Raúl Castro, em oposição aos longos discursos de Fidel e suas freqüentes aparições na televisão.

AGÊNCIA EFE
 

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