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 | 10/10/2006 15h25min

Ministro brasileiro considera leviana defesa do piloto do Legacy

Lepore diz que colisão correu porque aeronaves voavam inexplicavelmente na mesma altura

O ministro de Defesa brasileiro Waldir Pires qualificou hoje de "leviana" a declaração com a qual se defende o piloto norte-americano Joe Lepore, do avião executivo Legacy, sobre o acidente com o Boeing da Gol ocorrido no último dia 29 em Mato Grosso.

As autoridades brasileiras estabeleceram que o acidente, que provocou a morte dos 154 ocupantes do Boeing 737-800, foi causado por seu choque com o Legacy porque ambas as aeronaves voavam inexplicavelmente na mesma altura.

Em suas declarações na polícia, Lepore insistiu em que manteve o plano de vôo que lhe determinaram e que o autorizava a voar a 37 mil pés (11.285 metros) de altura entre as cidades brasileiras de Brasília e Manaus.

O piloto norte-americano foi "leviano ao afirmar categoricamente que teria que voar a 37 mil pés de altura" nesse trajeto, declarou o ministro da Defesa. Segundo o ministro, nesse trajeto existe "uma ordem geral para que as aeronaves que seguem nesse sentido (rumo a Manaus) utilizem as vias de números pares".

Pires esclareceu que o Legacy teria que estar voando a 36 mil ou a 38 mil pés de altura (10.980 ou 11.590 metros) e não à altura em que terminou se chocando com o Boeing, que realizava um vôo entre Manaus e Brasília.

A Polícia do Estado do Mato Grosso, além disso, entregou na segunda-feira à imprensa o plano de vôo do piloto do Legacy e esclareceu que nele havia uma advertência para que o piloto mudasse de altura quando estivesse no trecho entre Brasília e Manaus.

O Legacy tinha decolado da cidade brasileira de São José dos Campos e ia para os Estados Unidos, pois tinha sido comprado pela empresas ExcelAire.

Segundo o delegado Luciano Inácio da Silva, da Polícia Civil do Mato Grosso, responsável pela investigação, o plano de vôo foi elaborado pela Embraer, mas aparentemente não foi seguido ao pé da letra pelo piloto do Legacy.

Silva disse que o plano de vôo previa que o Legacy voasse a 37 mil pés de altura entre São José dos Campos e Brasília, e que, após sobrevoar a capital brasileira, descesse a 36 mil pés ou subisse a 38 mil pés de altura.

– Precisamos saber por que os pilotos do Legacy estavam a 37 mil pés, se foram autorizados a fazê-lo ou se voavam por conta própria –, afirmou o comissário em declarações ao jornal O Globo e ao indicar que pode convocar o piloto e o co-piloto do avião executivo para um novo interrogatório.

Ambos os pilotos continuam no Rio de Janeiro devido a uma ordem judicial que lhes proíbe abandonar Brasil até que se concluam as investigações.

O ministro também advertiu que o piloto não pode se desculpar com um aparente erro no plano de vôo da Embraer porque a função dessa empresa "é fabricar aviões e não fazer planos de vôo".

Pires também respondeu às críticas que a imprensa dos Estados Unidos fez às investigações sobre o acidente realizadas no Brasil e afirmou que a Aeronáutica brasileira trabalhou "com absoluto rigor e cuidado, inclusive porque isso é fundamental para a definição das causas do acidente".

AGÊNCIA EFE
 

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