A Polícia Federal ainda não encontrou elementos que comprometam Freud Godoy, ex-assessor especial do presidente Lula e seu auxiliar há mais de dez anos, com o escândalo da tentativa de compra de um dossiê contra tucanos.

Citado por Gedimar Passos, um dos petistas presos em São Paulo com o R$1,7 milhão que seria entregue ao empresário Luiz Antônio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas, Freud entrou para a lista dos seis petistas que atuavam na campanha pela reeleição do presidente e estão sob investigação da PF. Sua participação no episódio não está descartada, mas, até agora, o único elemento que liga Freud ao caso é o depoimento de Gedimar.

Com a quebra de sigilo telefônico, a PF identificou ligações entre Freud, Gedimar e o ex-chefe do serviço de inteligência do PT Jorge Lorenzetti, churrasqueiro do presidente, em agosto. Em depoimento, Freud admitiu que falou com ambos, mas afirmou que as conversas tratavam da segurança da campanha do presidente à reeleição. Ele nega ter conversado com os envolvidos no escândalo em setembro, quando a negociação para a compra dos papéis de Vedoin estava a todo vapor. Até agora, segundo investigadores, a PF não encontrou registros de conversas ou encontros entre Freud e os petistas que atuaram no episódio em setembro.

Freud já prestou dois depoimentos na PF em São Paulo. Negou conhecer o ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Veloso, outro petista que participou das negociações, e Hamilton Lacerda, ex-coordenador da campanha ao governo paulista do senador Aloizio Mercadante e apontado pela PF como responsável por entregar o dinheiro a Gedimar. A PF não encontrou ligações entre Freud e os dois.

Os dados do sigilo telefônico de Hamilton ainda não foram analisados. A PF também investiga a empresa de segurança de Freud e a possibilidade de ter sido cometido crime eleitoral, no caso de o dinheiro ser fruto de caixa dois. Freud teve prisão decretada pela Justiça Federal, mas o TRF anulou a decisão.

AGÊNCIA O GLOBO