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 | 30/09/2006 00h41min

Familiares esperam aflitos por informações em aeroporto de Brasília

Parentes foram removidos para prédio da Gol

Para os primeiros parentes dos passageiros do vôo 1907 que chegaram ontem à tarde ao Aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, a agonia começou na leitura do painel de controle dos vôos. No visor eletrônico do saguão, o letreiro recomendava procurar a companhia aérea. Foi o primeiro sinal de que algo de errado havia ocorrido ao Boeing 737 que voava de Manaus para Brasília.

Tão logo correram os primeiros rumores de que a aeronave havia desaparecido dos radares da Infraero, os parentes foram removidos em uma van para o prédio do Centro de Engenharia da Gol, a 150 metros do setor de embarque.

Os familiares chegaram sem informação alguma sobre o vôo. Os relatos dos funcionários da empresa aérea acenavam apenas com um atraso. Às 21h, o nervosismo cedeu lugar à aflição. Um informe oficial, assinado pelas autoridades aeroportuárias (Anac, Infraero e Aeronáutica), afirmava que o Boeing da Gol havia perdido contato com as torres em terra às 16h48min. No entanto, já era dado como certa uma colisão no ar com outra aeronave.

– Imagine um choque entre dois aviões a 800 km/h e dimensione a energia provocada por uma colisão desse porte. É um milagre que a aeronave da Embraer consiga ter aterrissado – disse a Agência RBS o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira.

Nesse momento, chegava ao local a veterinária Fabiana Malafaia, 25 anos. Acompanhada do namorada, Fabiana recém havia sido avisada pela mãe que teria ocorrido um acidente com o avião no qual viajava seu pai, o engenheiro agrônomo Mario Alves Malafaia. Aos 61 anos, ele retornava para casa após uma semana trabalhando em Manaus.

– Vim correndo, mas ainda não me disseram nada. O que mata é essa espera, essa ansiedade. Nos oferecem água e paramédicos, mas não nos dizem o que de fato ocorreu – disse.

Às 23h20min, o rumor de que o Boeing da Gol havia caído em uma fazenda de uma região de florestas densas na divisa entre o Pará e o Mato Grosso transformou a aflição em desespero. Uma familiar desmaiou e foi carregada para fora do prédio. Pouco antes, uma Kombi da Aeronáutica que corria para prestar apoio logístico derrapou numa curva e destruiu a lateral de um Vectra que estava estacionado em frente ao prédio da Gol, aumentando ainda mais o nervosismo entre as cerca de 150 pessoas que estavam no local.

Sentada na calçada, uma jovem cruzava as mãos em prece, esperançosa. Secretária do empresário Luiz Antonio Pereira Carvalho, que havia viajado a trabalho para Porto Velho e Manaus, ela não procurava conforto na fé.

– Eu ainda tenho fé de que ele vai assinar meu ponto na segunda-feira – comentou a secretária, sem querer se identificar.

FABIO SCHAFFNER E ROBERTO MALTCHIK/AGÊNCIA BRASIL
 

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