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 | 28/09/2006 07h20min

Dias são tensos no principal comitê de campanha do PT

Desde demissão de Berzoini, há pequenas crises entre funcionários

Guarnecido por quatro seguranças dia e noite, o comitê nacional do PT em Brasília vive momentos tensos. A súbita troca no comando da coordenação-geral de campanha e a ordem de prisão de companheiros que até poucos dias atrás circulavam com desenvoltura pelos corredores deixou o ambiente ainda mais nervoso.

– Parece que agora petista bom é petista preso – reclamava ontem, em tom de galhofa, um militante.

Desde a demissão do presidente do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP), do comando da campanha, há uma semana, pequenas crises têm se criado no comitê. Há discussões freqüentes e cobranças mútuas entre os funcionários.

– Tem gente querendo mostrar mais serviço neste momento de confusão, mas às vezes acabam atropelando as coisas. Todo dia agora tem bate-boca – comenta um funcionário.

Mesmo estando oficialmente afastado da campanha, Berzoini tem participado de reuniões no local. Ele discute ações e orienta os coordenadores estaduais. Como tem maior capacidade de diálogo com os comandos regionais do que seu sucessor, Marco Aurélio Garcia, Berzoini tenta manter os militantes mobilizados na tentativa de evitar um segundo turno. Na terça-feira, Berzoini permaneceu cerca de uma hora no comitê. Mesmo nos períodos de ausência, se mantém informado sobre os bastidores da campanha por intermédio de seu principal assessor, Francisco Rocha, que continua atuando no bunker petista, mas agora a serviço do novo coordenador.

– Tenho conversado algumas vezes com Berzoini. A passagem do bastão é limitada porque ele se preocupa com o partido, e eu me ocupo da campanha de reeleição – justificou Garcia, que ontem participava de um evento em São Paulo.

Ontem, enquanto Garcia viajava para a capital paulista, seus assessores em Brasília recebiam relatórios dos debates nos Estados, fazendo uma triagem dos ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O material será usado por Lula para escolher os candidatos que irá apoiar no segundo turno das eleições estaduais.

O QG petista ocupa três andares de um prédio instalado no centro da capital federal. Militantes, eleitores e jornalistas só têm acesso ao primeiro andar, onde funciona a central de logística e uma sala de imprensa. É ali, entre pilhas de material de propaganda e uma máquina de café expresso, que os visitantes são atendidos por recepcionistas vestidas com o uniforme de campanha. Cada visitante recebe um crachá e tem os passos monitorados por seguranças da empresa da mulher do ex-assessor da Presidência Freud Godoy, envolvido na compra do Dossiê Cuiabá.

Nos últimos dias, o clima de suspeição se acentuou. As informações são compartimentadas, e apenas um núcleo ligado à chefia da campanha toma conhecimento das principais decisões. O trânsito de pessoas estranhas ao partido se tornou ainda mais limitado. Quem circula sem crachá ou tenta subir aos andares superiores sem autorização logo é chamado à recepção pelos seguranças.

– Que exagero. Depois vêm esses caras graúdos e liquidam com nossas ações, ameaçando até mesmo o partido – queixava-se uma mulher que chegava ao comitê para o lançamento do programa de governo voltado ao público feminino.

Inaugurado em 24 de julho, o comitê tem 1,4 mil metros quadrados. Por mês, consome cerca de R$ 400 mil em aluguel e manutenção. Somente nas reformas, o partido gastou R$ 600 mil para adequar o espaço às necessidades do gerenciamento nacional de toda a campanha. No segundo andar, estão instalados o setor administrativo, de telemarketing e uma central de informática, de onde são disparados diariamente milhares e-mails e telefonemas gravados pelo próprio presidente Lula, pedindo votos aos eleitores. O terceiro andar é reservado ao comando de campanha, com salas especiais para Lula e o vice José Alencar, embora ambos só tenham estado uma vez no local.

– Nos outros andares não tem nada de interessante. Só gente trabalhando – desconversa a assessora de imprensa Valderez Caetano, ao negar um pedido de Zero Hora para percorrer os andares superiores.

FÁBIO SCHAFFNER/ZERO HORA

 

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