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 | 02/08/2006 08h47min

Analistas apontam Fidel e Raúl como dois lados da mesma moeda

Irmãos têm trajetória parecida, mas personalidades completamente diferentes

O presidente cubano, Fidel Castro, e seu irmão mais novo, Raúl, são os rostos do comunismo cubano mas, embora sejam muito iguais em trajetória e idéias, têm personalidades completamente diferentes. É esta a conclusão de analistas políticos norte-americanos, em resposta às dúvidas sobre as possíveis mudanças na ilha caribenha se Raúl, chefe de Estado interino, assumir o poder de forma definitiva.

Todos concordam que a sucessão já começou e que, aconteça o que acontecer com Fidel, Raúl será o encarregado de manter um sistema sustentado pelo aparelho do Partido Comunista, que ele conhece perfeitamente, depois de uma vida inteira como braço direito do líder da revolução. O próprio comandante deixou sua opinião clara em junho de 2001.

– Depois de mim, Raúl é quem tem mais experiência e mais conhecimento – disse então Fidel.

Os analistas vêem o governante interino como um homem muito mais pragmático que seu irmão mais velho e sem sequer a metade de seu carisma e capacidade de comunicação. Mesmo assim, pode causar surpresas e preparar o caminho para uma verdadeira transição em Cuba.

– Fidel e os seus auxiliares mais próximos já começaram a passar a autoridade a Raúl e às entidades do partido. Provavelmente, veremos um governo de transição que vai manter o sistema, mas só até certo ponto – previu Ángel Rabasa, do centro de estudos e investigações Rand Corporation.

Rabasa lembrou, porém, que "nunca se sabe que mudanças Raúl pode promover", e que também é preciso levar em conta que o irmão mais novo "também tem uma idade avançada e não goza de boa saúde".

Rabasa concluiu que, qualquer que seja a postura do sucessor de Fidel, ele vai governar durante um "período de transição", mantendo as estruturas e o poder. Mas terá que dar lugar, "inevitavelmente", a uma mudança mais significativa.

Outros especialistas acham, no entanto, que Raúl não é um eterno subalterno dócil e servil. Ele teria a capacidade necessária para liderar o país e iniciar inclusive uma abertura, pelo menos econômica, parecida com a da China, e assim se manter no poder por mais tempo.

Stephen Johnson, especialista em América Latina da Fundação Heritage, não concorda com a análise. Para ele, Raúl é o arquiteto do atual partido comunista. Sua expectativa é de que "o regime de ferro continue durante algum tempo, com o apoio das forças armadas". A posição parece com a observada hoje pelo governo norte-americano, pessimista em relação ao futuro imediato da ilha.

– Raúl Castro, assim como o seu irmão, não foi eleito e foi o responsável pelo sistema penal cubano durante muitos anos – declarou à imprensa o porta-voz da Casa Branca, Tony Snow. Serviu de "carcereiro" para seu irmão, acrescentou o porta-voz.

Como primeiro vice-presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, segundo secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba e ministro das Forças Armadas Revolucionárias (FAR), Raúl Castro controla há muito tempo algumas das principais atividades econômicas do país. Sua vida privada é cercada de discrição. Mesmo assim, é alvo de contínuos boatos sobre supostos problemas de saúde, segundo muitos devido ao consumo de álcool.

AGÊNCIA EFE
 

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