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 | 28/07/2006 13h05min

Xiitas montam rede de assistência a deslocados em Beirute

Escolas cristãs também participam com alojamento, comida e remédios

Os xiitas que chegam a Beirute fugindo das bombas e da destruição encontram amparo, pois as organizações desse ramo islâmico montaram uma complexa rede assistencial que inclui alojamento, comida e remédios gratuitos para milhares de seguidores dessa confissão. Mas também em bairros cristãos, como Achrafiyeh, as escolas abriram suas portas a esses xiitas, muitas vezes pessoas que nunca tinham ido aos bairros mais ricos da capital.

As escolas de Beirute, públicas e particulares, se tornaram abrigo de famílias inteiras que fugiram do sul da cidade ou do sul do Líbano, as áreas mais castigadas pelos bombardeios israelenses nestas duas semanas de guerra não-declarada. Voluntários xiitas distribuem três refeições diárias às famílias, que ficam em meio a lousas, carteiras e computadores, com roupas estendidas por todos os lados, em corredores, escadas, pátios e quadras de esporte.

O Instituto de Informática e Tecnologia do bairro de Al Mazraa é propriedade de um xiita rico, ex-deputado do movimento Amal, e abriga 75 pessoas, todas elas da localidade de Kfar Dounine. As pessoas não reclamam das condições de vida ou de ter perdido sua casa em um bombardeio. E, principalmente, ninguém culpa o Hezbollah, pelo contrário, logo após ouvir seu nome dizem: "Resistiremos".

Quando as pessoas do local ficam doentes, podem ir a outra escola do bairro de Zukak al Balad, transformada em um ambulatório administrado pelo Corpo Sanitário Islâmico, que tem especialistas em clínica geral, pediatria e dermatologia, todos eles voluntários. Uma creche vizinha tornou-se armazém de remédios, com comprimidos, xaropes, gaze e outros materiais doados pelo Crescente Vermelho Iraniano, como está escrito em muitas caixas, ou pelos laboratórios farmacêuticos.

Todos os voluntários dizem trabalhar "para o Líbano" e são reticentes em se pronunciar sobre o Hezbollah, embora todos eles se reconheçam como xiitas que trabalham "por seus irmãos".

Mas a solidariedade não é só dos xiitas. Conta-se em Beirute que a viúva do ex-primeiro-ministro sunita Rafik Hariri, Nazik Hariri, está financiando alimentos para cem mil deslocados, principalmente na cidade de Sidon, reduto sunita hoje "invadido" pelos refugiados xiitas.

No bairro de Achrafiyeh, o bairro cristão por excelência de Beirute, também todas as escolas, incluindo as de freiras, se transformaram em abrigos de xiitas.

AGÊNCIA EFE
 

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