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ANJ divulga nota de repúdio ao assassinato de Tim Lopes

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) divulgou neste domingo, 9 de junho, uma nota de repúdio ao assassinato do jornalista Tim Lopes. Neste domingo, o chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Zaqueu Teixeira, confirmou que o repórter foi capturado por traficantes, torturado e morto a golpes de espada ninja pelo líder do tráfico no Morro da Caixa D´Água, no Complexo do Alemão, Elias Maluco, e teria tido corpo queimado em seguida. Tim Lopes estava desaparecido há uma semana.

Leia a íntegra da nota da ANJ:

"Momento de pesar e indignação

O repórter da TV Globo Tim Lopes foi assassinado quando investigava, na Favela de Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, a denúncia da existência de um baile funk promovido por traficantes locais, onde havia consumo de drogas e práticas de sexo explícito, com aliciamento de meninas da localidade. Sua morte não foi uma tragédia menor ou maior do que a execução de qualquer pessoa pelo crime organizado que hoje se espalha pelo Brasil, principalmente nas grandes cidades, como epidemia sem controle. 

A indignação e o pesar dos colegas de trabalho no país inteiro não têm dimensão. Mas isso não nos leva, a Associação Nacional de Jornais e a qualquer de seus companheiros, a uma afirmação de privilégio. Todas as vítimas da violência irracional são iguais aos olhos da sociedade. 

Os sinos que tocam por cada um de nós, como disse John Donne há muitos séculos, tocam por todos nós. A tragédia, igualmente, não nos impele a superdimensionar o gravíssimo problema que o crime organizado representa para o Brasil, neste momento. Seria ilógico, por maior que seja o impulso, dizer que o perigo agora ultrapassou todos os limites. Não, nunca. Há tempo e condições de reagir. Por outro lado, a morte do repórter tem significado particular, amplo, para o qual é nosso dever chamar a atenção do Estado e da sociedade.

Tim Lopes morreu quando investigava, como é dever de cada jornalista, uma atividade criminosa insuportável. A manifestação de um câncer nas vísceras da comunidade. A sua morte negou à sociedade a informação desse crime, assim como prejudicou – e esperamos que apenas tenha adiado – sua eliminação.

O jornalismo investigativo não é privilégio e sim dever da imprensa. Os bandidos de Vila Cruzeiro sabiam perfeitamente que era de seu interesse esconder os fatos. Cabe à sociedade mostrar a consciência que sofreu mais uma de muitas insuportáveis agressões desse tipo. Nem sempre isso não é tão nítido como neste trágico episódio. Desta vez, a nitidez é absoluta.

A ANJ, em nome de todos os jornais, declara que a tragédia não nos deterá. É o que fazemos, em homenagem ao companheiro trucidado, e a todos os jornalistas do país e como reiteração de um compromisso que é a nossa própria razão de existir. Temos a esperança – mais, temos a certeza – de que Tim não morreu sem conseqüência. É o momento de o Estado e os cidadãos afirmarem sua esperança de que a guerra contra o crime organizado, por mais dura que seja, está longe de ser perdida e darem provas inequívocas de sua certeza. E agirem. 

Brasília, 9 de junho de 2002
Diretoria da Associação Nacional de Jornais (ANJ)"

 

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