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 | 04/05/2006 10h14min

Alternativa ao gás boliviano exige tempo

Aceleração da produção na Bacia de Santos é opção frente a desabastecimento

Hipótese considerada remota, a interrupção no fornecimento de gás natural para o Brasil contraria a racionalidade na relação com a Bolívia. Como mesmo assim não pode ser totalmente descartada, é preciso estudar alternativas de abastecimento. Se Evo Morales fechar a torneira, a solução mais rápida exigiria um ano e meio.

– Um corte será um acidente. Racionalmente, os países têm de chegar a um acordo. Agora, acidentes acontecem, ainda mais na Bolívia – pondera Giuseppe Bacoccoli, especialista com mais de 30 anos de experiência na Petrobras.

Para Bacoccoli, o gasoduto de US$ 2 bilhões é um cordão umbilical entre Brasil e Bolívia – um tem de comprar, mas o outro precisa vender. Em caso de "acidente", as opções de abastecimento seriam a aceleração da produção na Bacia de Santos e a importação de gás natural liquefeito (GNL). Bacoccoli considera a nacional mais indicada.

– O gás já foi visto como primo pobre do petróleo. Mas já passei da fase que o Brasil não tinha petróleo e agora é auto-suficiente. Podemos alcançar essa situação em gás, mas vai levar tempo – diz Bacoccoli.

Só por volta de 2010 a produção na Bacia de Santos poderá alcançar volume suficiente para suprir o fornecimento atual da Bolívia.

– Até lá, temos de acender uma vela para São Pedro, para chover bastante e não faltar energia, e outra para o Evo Morales, para que ele assegure a venda do gás – sugere.

Outra alternativa, também mencionada ontem pelo presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, é a importação de gás natural liquefeito, que pode ser feita por navios. O Brasil teria de investir entre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões para instalar na costa uma planta de regaseificação para fazer o produto voltar à condição original. Esse investimento seria suficiente para processar cerca de 10 milhões de metros cúbicos por dia - um terço do que a Bolívia fornece. A implantação da unidade levaria um ano e meio.

– Dizem que não, mas o Brasil tem, sim, tecnologia para fazer isso – sustenta Bacoccoli.

No Japão, todo o gás consumido é GNL. Assim, o país conta com diversidade de fornecedores e não fica dependente de nenhum.

MARTA SFREDO/ZERO HORA
 

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