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 | 03/05/2006 10h09min

Preço do gás natural deve subir

Reajuste com a nacionalização boliviana pode chegar a 50%

Mais do que uma brusca interrupção do fornecimento de gás natural da Bolívia para o Brasil, os especialistas temem dois impactos da crise: aumento de preço e menor interesse por investimentos externos. As estimativas para a alta variam de 10% até 50%. Se esse movimento ocorrer, não deve afetar o gás de cozinha.

A tendência de transformar o episódio em conta mais salgada já foi admitida por autoridades como o vice-presidente da Bolívia, Alvaro García Linera.

– Queremos aumentar nosso preço para o Brasil – disse ao jornal local El Deber.

Em tese, a YPFB, a estatal boliviana, tem contratos de longo prazo com a Petrobras, submetidos a arbitragem internacional. O problema é que o governo da Bolívia já quebrou todas as regras.

– Podemos considerar um aumento de preços certo, mas de quanto ninguém sabe, porque é difícil prever cabeças como a de Evo Morales – afirma Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (Cbie).

Pelas estimativas de Pires, o teto do reajuste seria 20%, para não incentivar o uso de substitutos. Para Carlos Faria, coordenador do grupo temático de Energia da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), não é possível descartar até 50%. Na média, o peso da energia no custo das indústrias é de 10%. Uma alta de 50% resultaria um aumento potencial nos preços dos produtos finais de 5% - um tremendo impacto na inflação. Embora desastroso, seria preferível ao corte do fornecimento, que paralisaria algumas indústrias.

– Cortar suprimento seria suicídio para a Bolívia – sustenta Jean-Paul Prates, diretor da Expetro, consultoria especializada em petróleo.

Além de interromper a receita com a venda de gás, o país veria despencar o valor das instalações. O Brasil depende do gás, mas a Bolívia depende do mercado brasileiro. Alternativas de exportação dependeriam até de instalações para embarque na costa do Pacífico, mas o país não tem litoral. De Houston, Texas, onde participa da maior feira mundial do setor, Prates relata que o assunto não dominou o dia.

– É lastimável que isso ocorra quando o preço alto do petróleo deixa as empresas com apetite para investir, mas vão pensar duas vezes antes de fazê-lo na América Latina – avalia Prates.

MARTA SFREDO/ZERO HORA
 

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