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 | 06/03/2006 13h48min

Reunião de FAO no Brasil começa tensa por ocupação de terra

Fazenda do Rio Grande do Sul foi invadida por 1,8 mil agricultores

A Conferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural, convocada pela FAO, começa hoje no Porto Alegre em meio à tensão causada pela invasão de uma grande fazenda em Coqueiros do Sul (RS).

Os 1,8 mil membros do Movimento dos Trabalhadores Sem-terra (MST) que ocuparam a Fazenda Coqueiros há uma semana se negaram a cumprir o ultimato dado pela justiça para deixar a área, que acabou ontem à tarde, e ameaçam resistir a uma tentativa de despejo por parte da polícia.

– Não vamos sair. Já construímos 500 casas e uma escola de madeira na propriedade, e esperamos que o governo chegue a um acordo com os proprietários e exproprie a fazenda, suficiente para assentar a 500 famílias sem-terra – disse um dirigente do MST.

O MST invadiu ontem outras 15 propriedades em Pernambuco supostamente em protesto pelo descumprimento de um compromisso do Executivo para expropriar antes de oito meses uma área que é exigida pelos sem-terra.

As autoridades regionais informaram que a justiça ordenou o despejo do latifúndio e que tentarão chegar a um acordo com os invasores para que a desocupem pacificamente.

Segundo o ministro de Desenvolvimento Rural, Miguel Rossetto, a insistência do MST em permanecer na fazenda e a possibilidade de um conflito, já antecipado por alguns enfrentamentos, não afeta os trabalhos na Conferência convocada pela FAO em Porto Alegre.

– Essa resistência não é comprometedora para o Brasil nesta Conferência. Faz parte da realidade brasileira – afirmou Rossetto em entrevista coletiva concedida ontem.

A reunião, que acontece 27 anos depois da primeira conferência sobre Reforma Agrária organizada pela FAO, será aberta hoje à tarde pelo presidente em exercício, José Alencar, e contará com delegações de 81 países, 22 das quais lideradas por ministros.

Serão discutidas as políticas de distribuição da terra no mundo todo com vista ao compromisso assumido em 2000 pelos países da ONU de reduzir à metade, para 2015, o número de pessoas abaixo da linha de pobreza extrema e que passam fome.

Segundo cálculos das Nações Unidas, aproximadamente 900 milhões de pessoas (três quartos da população mundial pobre) vive em áreas rurais e depende do acesso à terra para subsistir.

A invasão da Fazenda Coqueiros de que participaram membros de 14 acampamentos do MST na região é a maior ocupação promovida pela organização nos últimos cinco anos no Rio Grande do Sul.

O grupo exige que o governo inclua em seus programas de reforma agrária 2,5 mil famílias que vivem em acampamentos improvisados no Estado. Segundo o MST, desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o cargo, em janeiro de 2003, apenas 220 famílias receberam terras no Rio Grande do Sul. 
 

AGÊNCIA EFE
 

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