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 | 19/02/2006 11h49min

Promotoria deve acusar policiais que vigiaram Jean Charles

Agentes do serviço de vigilância teriam falsificado dados da operação

A promotoria britânica deve acusar de obstrução da Justiça os policiais responsáveis por vigiar o brasileiro Jean Charles de Menezes, morto a tiros por outros agentes que acreditavam que ele era um terrorista. A informação foi publicada na edição de hoje do jornal The Independent on Sunday.

Segundo o jornal, o promotor-geral apresentará acusações contra os agentes do serviço de vigilância que falsificaram dados sobre a operação, para que a responsabilidade pela morte por erro do jovem recaísse em seus companheiros da brigada armada, que foram os que apertaram o gatilho.

Jean Charles morreu em 22 de julho na estação de Stockwell do metrô de Londres ao receber oito disparos de um agente que o confundiu com um dos autores dos fracassados atentados terroristas da véspera.

O agente, que atirou à queima-roupa contra a cabeça do brasileiro, teria recebido confirmação da unidade de vigilância de que o jovem eletricista era o suspeito que procuravam.

O promotor, cujo relatório final deve ser apresentado na Semana Santa, estudou o dossiê que lhe foi apresentado há algumas semanas pela Comissão Independente de Queixas à Polícia (IPCC), que averiguou as circunstâncias da morte de Jean Charles.

No relatório a IPCC revela uma suspeita de manipulação de dados em um diário da Brigada Especial de Vigilância, no qual se detalhavam os últimos movimentos do brasileiro.

Segundo a IPCC, alguém mudou a redação do diário para ocultar que os agentes tinham identificado erroneamente o jovem como um dos terroristas dos ataques de 21 de julho.

Assim, no momento no qual um dos membros da Brigada Especial informa que Jean Charles é o suposto terrorista Hussein Osman, registra-se no diário a frase "era Osman". As palavras, no entanto, foram mudadas depois para "não era Osman", dando a entender que o suspeito não tinha sido identificado.

Segundo o jornal, a promotoria considera que é mais provável que tenha havido crime na suposta falsificação de informação do que na própria execução do brasileiro, o que teria sido uma conseqüência de um equívoco na identificação do suspeito.

Nos últimos meses se soube que o agente que se encarregava da vigilância do eletricista, que por acaso vivia no mesmo andar que o suposto terrorista, estava urinando no momento em que o brasileiro saiu de sua casa. Por isso, não pôde ver o rosto dele e, portanto, não pôde confirmar sua identidade.

Além das circunstâncias da morte de Jean Charles, a IPCC investiga também, a pedido da família da vítima, o papel do comissário-chefe da Scotland Yard, Ian Blair, acusado de ter mentido ao dar sua versão inicial dos fatos. Blair disse após a tragédia que se disparou contra o brasileiro porque ele tinha desobedecido às ordens dos agentes, e que sua atitude e roupas tinham levantado suspeitas.

No entanto, comprovou-se depois que Jean Charles tinha entrado no metrô como um usuário comum e foi crivado de balas quando já estava sentado em um vagão.

AGÊNCIA EFE
 

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