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 | 18/02/2006 15h18min

Duelo entre Alckmin e Serra entra em fase decisiva

Sigla se divide entre Serra e Alckmin enquanto vê Lula retomar fôlego

Os gestos diplomáticos entre o governador de São Paulo Geraldo Alckmin e o prefeito da capital paulista José Serra escondem o acirramento da disputa pela vaga de candidato do partido à Presidência da República. Como a legenda pretende definir o nome do escolhido até o final do mês, os dois têm aumentado as articulações internas. A estratégia dos alckmistas, como estão sendo chamados os tucanos defensores do governador paulista, é mostrar que a opção por Serra é um risco.

O primeiro perigo da renúncia do prefeito - exigida pela lei eleitoral para os ocupantes de cargos que concorrerem a outros postos no Executivo - é permitir ao PFL administrar o terceiro maior orçamento do país no mínimo até 2008. Além disso, alegam os apoiadores de Alckmin, o vice-prefeito Gilberto Kassab moveria montanhas para manter a prefeitura nas mãos do PFL depois de encerrado o primeiro mandato.

A renúncia de Serra também pode contaminar a sucessão estadual. O PT, acreditam aliados de Alckmin, não perderia a oportunidade de dizer que o PSDB não merece permanecer no Palácio dos Bandeirantes em razão da traição do prefeito da capital. Antes de tomar posse, Serra assinou um documento rechaçando a hipótese de abandonar o cargo.

Nos últimos dias, um terceiro risco se somou à lista de argumentos pró-Alckmin. A recuperação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas acabou com a certeza do triunfo de Serra sobre o rival petista que já o derrotou em 2002. Com menor rejeição e exposição pública que o colega de partido, Alckmin teria mais chances de crescer e bater o presidente. Os alckmistas jogaram a bomba no colo de Serra: se renunciar e for derrotado por Lula, seria o responsável pelo fracasso nacional, pela possível perda do governo paulista e pela entrega da prefeitura ao PFL.

O tiro, porém, saiu pela culatra. Analistas políticos cogitaram a hipótese de Alckmin ser visto como um candidato pronto para a desgraça. A opção do partido por ele passaria a ser interpretada como um reconhecimento da suposta invencibilidade de Lula mesmo contra Serra, tucano com melhores índices nas pesquisas.

– Esse rótulo (de candidato pré-derrotado) é resultado da ansiedade dos analistas políticos. Serra e Alckmin são dois gigantes da política – afirma a deputada federal Yeda Crusius, candidata tucana ao Palácio Piratini.

Partidário do governador e aspirante a sua sucessão, o vereador paulista José Aníbal completa: – Esses índices de Lula são chuva de verão. A eleição será uma grande oportunidade para mostrar que esse é um governo inepto, sem um projeto para o país.

Do outro lado, os serristas tratam de vender a idéia de que o prefeito é o preferido entre os tucanos e que Alckmin está sozinho. Para rebater, o grupo do governador articulou ações como a publicação de um artigo de Aníbal no jornal O Globo, do Rio, no dia 9.

– Alckmin é o candidato natural, com um desempenho administrativo extraordinário. É o governador mais bem avaliado do Brasil e não pode mais se candidatar à reeleição. Já Serra ainda tem um trabalho para fazer na prefeitura - argumenta o vereador e ex-presidente nacional do PSDB.

O grupo do prefeito, por sua vez, armou uma estratégia para driblar a proposta de eleição prévia, levantada por Alckmin. Novo líder do PSDB na Câmara, Jutahy Junior (BA) passou a dizer que o partido deve fazer um movimento em direção a Serra. Os serristas sabem que o ex-ministro só deixará a prefeitura se for escolhido candidato da unidade partidária. Serra não pode disputar prévia, alegam. Na hipótese de derrota no pleito interno, voltaria ao Executivo municipal desmoralizado como um prefeito que teria aceitado São Paulo a título de prêmio de consolação.

Para evitar o racha partidário, os líderes tucanos têm tentado aparar as arestas e evitar o choque direto entre Alckmin e Serra. Uma das melhores definições para o trabalho de parto do candidato a presidente é do 1º vice-presidente nacional do PSDB, deputado federal Alberto Goldman (SP):

– É um processo de decantação com base no elemento químico saliva.

ZERO HORA
 

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