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 | 12/04/2002 03h39min

Hugo Chávez renuncia à presidência da Venezuela

Rebelião das Forças Armadas foi decisiva para apressar a queda do líder

Pressionado pelos militares do país, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, renunciou à presidência por volta da 1h20min desta sexta-feira, 12 de abril, (2h20min em Brasília). A renúncia foi anunciada extra-oficialmente pela emissora de TV venezuelana Globovisión. Conforme a emissora, Chávez teria se entregado a três generais no Palácio de Miraflores. Assim que a notícia se espalhou, a populaçao saiu às ruas da capital, Caracas, para comemorar.

A renúncia ocorreu depois de uma quinta-feira marcada por um megaprotesto contra o governo em Caracas - reprimido com violência pela polícia, com um saldo de pelo menos nove mortos e centenas de feridos. Depois da repressão ao protesto, o próprio comandante do Exército venezuelano, Efraín Vásquez, e outros 10 altos oficiais das Forças Armadas, além do vice-ministro da Segurança, Luis Alberto Camacho Kairuz, se rebelaram contra o presidente, exigindo sua renúncia.

– Não podemos aceitar um tirano na presidência. Sua permanência no cargo ameaça o país com a desintegração – afirmava o comunicado dos oficiais rebelados.

Depois disso, oficiais comandantes de todos os ramos das Forças Armadas manifestaram seu apoio ao povo e pediram a renúncia de Chávez, em comunicados que adentraram a madrugada. O comandante da Guarda Nacional (polícia militarizada), acompanhado de seus oficiais, concedeu uma entrevista afirmando que suas tropas não tomariam parte em nenhum ato de repressão contra manifestações populares. Em entrevista à emissora RCTV, um grupo de oficiais do exército chegou a afirmar que "todo o país estava sob controle das forças armadas nacionais" e que "uma transição pacífica" ocorreria no país ainda esta semana.

À 0h10min desta sexta, o comandante do Estado-Maior conjunto, general Lucas Rincón, deixou o Palácio de Miraflores, onde havia ido pedir ao presidente que deixasse o cargo. Chávez permaneceu reunido com seus aliados no palácio, buscando uma solução para a crise, enquanto o presidente da Assembléia Nacional, Willian Lara, afirmava que o presidente permanecia no poder. Finalmente, à 1h20min, veio a informação sobre a renúncia.

Após ter aceito renunciar, o presidente Hugo Chávez teria sido levado à base aérea de La Carlota, de acordo com informações de oficiais do Exército à rede de TV local Globovisión.

Chávez foi eleito presidente em 1999. Durante seu governo, desagradou a quase todas as classes. Por conta de uma série de reformas, as instituições venezuelanas ficaram praticamente subordinadas ao Executivo. A Ação Democrática, maior partido de oposição, chegou a pedir à Suprema Corte que destituisse o presidente por incapacidade mental, considerando-o mentiroso, extremamente agressivo e um megalomaníaco autoritário, apresentando o pedido amparado em relatórios de psiquiatras sobre análises comparativas de sua personalidade com as de Idi Amin Dada (ex-ditador de Uganda), Adolf Hitler, Benito Mussolini e Fidel Castro.

Quando a Federação de Câmaras da Venezuela, o maior grupo empresarial do país, convocou uma paralisação em protesto a um pacote de 49 leis que mudavam os critérios para produção e exploração do petróleo, a maior riqueza do país, recebeu apoio da Central dos Trabalhadores. Desde fevereiro, militares de alta patente vinham se manifestado publicamente contra Chávez.

Chávez, um tenente coronel reformado, nasceu na localidade de Sabaneta, no estado de Barinas, 420 quilômetros ao sudoeste de Caracas. Em 71, ingressou na academia militar. Ele está em seu segundo casamento, com Marisabel Rodríguez, com tem uma filha. Do seu primeiro casamento, tem outros três filhos.

 

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