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 | 14/01/2002 19h30min

Confira a íntegra da coletiva de Guga após a eliminação na Austrália

Após a partida em que perdeu para o francês Julien Boutter por 3 sets a 2, na estréia no Aberto da Austrália, o brasileiro Gustavo Kuerten concedeu uma entrevista coletiva no Melbourne Park. Confira abaixo a íntegra da conversa de Guga com os repórteres.

Pergunta – Qual foi o problema com você hoje?
Guga – Tive os mesmos problemas que venho tendo há um tempo com a minha perna. Eu jogo 40 minutos e depois não consigo manter o mesmo nível, e isso não é suficiente para competir em melhor de cinco sets. Tenho muito a trabalhar e melhorar.

Pergunta – O que exatamente está errado com você?
Guga – Eu tenho um problema no quadril e tenho que fazer mais exames para ver especificamente qual é o problema. Provavelmente é algo difícil e perigoso. Já fazem oito meses que estou sentindo isso e provavelmente vou ter que selecionar mais os torneios para jogar, especialmente no saibro, onde tenho mais chance de jogar e tudo é mais natural para mim. Agora, por exemplo, eu me preparei bem para esse torneio e vi que ainda não estou pronto para competir em quadra rápida, ou outra superfície como o carpete, porque tenho que me mover e gerar força e só dá para jogar um set, um set e meio.

Pergunta – Você realmente sente dor quando está jogando?
Guga – Sim, muita dor, e não tem sido muito agradável jogar desta maneira. É muito frustrante e doloroso, como no terceiro set. Eu não conseguia me mover e me sinto como se não conseguisse fazer o meu jogo. É uma sensação ruim.

Pergunta – Você vai a algum lugar para fazer exames e descobrir exatamente qual é o problema?
Guga – Isso vai ser o principal para mim nos próximos dias e, depois, pensar na solução. Eu tenho que ser paciente, ver o que está na frente, qual é o próximo torneio, ver o que eu quero para os próximos meses e para a minha carreira também. Vou pegar, no mínimo, uma semana para pensar sobre isso, ver os exames e decidir o que é melhor para mim e para a minha saúde.

Pergunta – Durante a Mastes Cup você disse que talvez não viesse à Austrália por causa da contusão. O que fez você decidir vir mesmo contundido?
Guga –
Bem, muitas coisas, e uma das mais importantes foi a maneira como eu me preparei. Eu tive tempo para descansar e me recuperar e não podia estar preparado de melhor maneira do que essa. Se eu sinto dor é porque alguma coisa está realmente incomodando, porque eu tive tempo para cuidar e fazer tudo o que tinha que ser feito. Outra razão de ter vindo para cá foi a de jogar um Grand Slam. É sempre legal e entusiasma o jogador. Mas, por outro lado, não achei graça ficar jogando com aquela dor, no final. Eu tinha uma esperança e uma expectativa de dar uma virada e só tive frustração e dor. Agora vou ter que pensar muito nas próximas horas.

Pergunta – Você acha que a contusão é uma desculpa legítima para a sua derrota, depois de estar ganhando por 2 sets a 0, sacando e correndo?
Guga – Eu não estou me preocupando com o jogo. Eu estou preocupado comigo e com o fato de estar com esse problema há algum tempo. É com isso que eu tenho que lidar agora. Para falar a verdade, eu não esperava vencer esse jogo. Eu estaria surpreso se tivesse vencido. Eu também não queria me sentir como me senti no final do jogo e isso foi a maior derrota para mim.

Pergunta – Nos disseram que, depois do jogo, você foi ver alguns médicos. O que eles disseram?
Guga – Eu fiz exames e eles têm que analisar os resultados. Mas acho que ainda vai levar alguns dias para ter tudo planejado. Assim como vocês, eu também quero saber o mais rápido possível o que tenho realmente e o que fazer.

Pergunta – O seu problema é principalmente físico, desde o Aberto dos Estados Unidos, ou mental, perda de confiança?
Guga –
Estou tendo um período difícil fisicamente e isso afeta o lado mental também. Isso tudo te deixa cansado e faz com que as coisas fiquem mais difíceis em quadra. Mas acho que fisicamente tem sido muito mais difícil. Eu mesmo vi hoje como estava me movimentando e jogando no primeiro set e como terminei o jogo. É como se tivessem tirando alguma coisa de você, do seu jogo e, nesse nível, você tem que rever a sua condição física. Se é abaixo do normal, fica difícil de vencer.

Pergunta – Você disse que não esperava vencer o jogo. Você disse mesmo isso?
Guga –
Sim.

Pergunta – Então porque você jogou quando ainda estava se curando?
Guga – Não é porque ainda estou me curando que não esperava vencer o jogo, e sim porque estava sem jogar há muito tempo, praticamente dois meses. Eu sabia que ele era um jogador duro, já tinha perdido um jogo pra ele, e também não sabia como meu corpo iria responder. Eu venho treinando, fazendo muitas coisas e trabalhando com coisas diferentes. Mas jogo é jogo, e eu me dei essa chance de jogar para ver até onde onde poderia ir e para avaliar o resultado do tratamento e da preparação. Foi um teste para mim. Eu disse isso antes de vir para cá, no Brasil, que seria um teste para ver como o meu corpo reagiria, porque eu fiz uma boa preparação. Normalmente eu não teria todo esse tempo para ficar em boas condições para jogar um torneio desses e, como eu já disse, se eu ainda não estou bem para jogar nesse nível é hora de pensar talvez em outras opções. Eu não sei se tenho que fazer uma cirurgia ou algo parecido.

Pergunta – Quando começou o seu problema?
Guga – Desde Miami e Indian Wells (março de 2001). No começo você acha que é estresse, cansaço, mas a essa altura não dá para ter o mesmo problema.

Pergunta – É a perna ou a virilha?
Guga – É a virilha, o quadril, é tudo mais ou menos junto.

Pergunta – Você tem tido experiências difíceis no Aberto da Austrália. Você está ficando chateado ou isso dá mais determinação para voltar e ter uma boa experiência?
Guga – Estou aqui porque gosto de jogar o torneio, mas é verdade que é  muito cedo para mim. É sempre o primeiro torneio que jogo e não é fácil, especialmente eu sendo um cara que gosta de jogos, de estar envolvido no jogo, vir aqui e jogar um torneio na quadra dura, como hoje, contra um cara sacando um monte de aces em cima de mim. Às vezes é difícil pegar ritmo e me sentir confortável e com confiança suficiente para vencer os jogos. Até agora ainda não encontrei a maneira certa de jogar melhor aqui. Bem, é só um torneio em todo o ano. Tenho que ser paciente e ver o que posso fazer nos outros torneios.

Pergunta – Você ficou com medo da Copa Davis depois de ter perdido esse jogo?
Guga – Para falar a verdade, eu não sei. Como eu disse antes, não sei o que vai acontecer na próxima semana. Não sei se vou estar em condições de jogar a Copa Davis. É difícil dizer alguma coisa. No momento, não me sinto com forças e com capacidade para jogar a Copa Davis. Não vou dizer que vou, nem que não vou, porque não é o momento correto. Tenho que pensar, e esta vai ser uma das decisões que terei que tomar nos próximos dias.

Marcelo Ruschel, PoaPress / clicRBS


Foto:  Marcelo Ruschel, PoaPress  /  clicRBS


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