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 | 06/09/2005 00h41min

Marcos Valério nega remessas para Exterior

Empresário mineiro prestou depoimento à Polícia Federal por oito horas

Após oito horas de depoimento à Polícia Federal, o empresário Marcos Valério negou as acusações de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e sonegação fiscal.

– Nunca lavei dinheiro. Meu dinheiro tem origem, os empréstimos bancários, e destino, que são as pessoas que estão na lista – disse em entrevista sobre o documento que apresentou à polícia contendo os nomes de pessoas que sacaram dinheiro de suas contas.

O empresário explicou que o pagamento feito ao publicitário Duda Mendonça foi realizado "aqui no Brasil, de acordo com orientações que me foram dadas, na época, pela Zilmar (Fernandes, sócia de Duda Mendonça)".

Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Correios, o Duda Mendonça havia afirmado que Valério teria sugerido a ele a abertura de contas bancárias no Exterior para "facilitar" o recebimento de aproximadamente R$ 10 milhões.

Após o depoimento, Valério voltou a dizer que não tem "condições de autorizar ou mandar alguém criar conta, isso é especulação e não condiz com a verdade". E revelou ter pago R$ 15,5 milhões a Duda Mendonça no Brasil, "em cheques que foram sacados da minha conta". Marcos Valério negou ainda ter acionado doleiros.

O empresário voltou a afirmar também que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, não tinha conhecimento do seu relacionamento com o PT e com o ex-tesoureiro Delúbio Soares:

Sobre operações de pagamentos fora do país indicadas pelo PT, reafirmou:

– O PT nunca me solicitou envio de recursos para o Exterior.

E em relação à empresa Bônus-Banval, Valério disse que não tinha interesse em comprá-la, como afirmou o dono da empresa Enivaldo Quadrado em depoimento à polícia e à CPI dos Correios. As transações por meio da corretora, esclareceu, "foram feitas a pedido de Delúbio Soares".

Para a polícia, o depoimento de Valério pouco acrescentou às investigações. A Policia Federal deverá sugerir o indiciamento de Valério por sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro.

O depoimento começou por volta das 14h e terminou por volta das 23h. Este é o segundo depoimento prestado pelo empresário à PF. O primeiro foi no início do mês de julho. Desta vez, Valério parecia tranqüilo, parou para falar longamente com os jornalistas e no final até pediu desculpas por não ter declarações bombásticas a fazer.

Nesta terça, a partir das 11h a PF tomará o depoimento do deputado José Mentor, ex-relator da CPI do Banestado. O escritório de advocacia do deputado teria recebido R$ 100 mil das contas de Marcos Valério.

AGÊNCIAS BRASIL E O GLOBO
 
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