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Redução dos juros agrada economistas, apesar de consevadorismo do Copom

Comitê reduziu juros de 26% para 24,5% nesta quarta

A redução de 1,5 ponto percentual na taxa básica de juros Selic, definida nesta quarta, dia 23, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, foi dentro do esperado por economistas. Três profissionais ouvidos pela Agência Brasil acreditam que a decisão foi boa para a economia, apesar da cautela do BC.

O economista José César Castanhar, professor de Finanças da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (Ebape), da Fundação Getúlio Vargas, foi o mais crítico entre eles, classificando o corte como frustrante. Ele acredita que o BC precisa ser mais arrojado e não ficar praticando um “conservadorismo que faria inveja ao presidente do BC alemão".

Castanhar avaliou, no entanto, que a queda da taxa Selic de 26% ao ano para 24,5% ao ano é positiva em comparação ao que havia antes, porque reduz os encargos do governo. Cada ponto percentual cortado nos juros significa uma economia por ano para o governo de R$ 4 bilhões, tendo em vista a dívida de R$ 400 bilhões, afirmou Castanhar.

Segundo o economista, a medida tem também um efeito direto no orçamento, embora em escala reduzida, proporcional à queda observada. Além disso, traz a perspectiva de redução dos juros ao consumidor e a possibilidade de retomada dos investimentos pelo empresariado.

A economista Luciana Marques de Sá, chefe da Assessoria de Pesquisas Econômicas da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), disse que a redução da taxa básica de juros (Selic) de 26% para 24,5% ao ano, adotada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, ficou dentro do esperado e aponta que o processo de queda dos juros será gradual.

Para a economista, o corte de 0,5 ponto percentual na Selic em junho já indicava que não haveria neste mês nada mais audacioso, o que a levou a esperar uma queda máxima de 1,5 ponto percentual, como acabou ocorrendo.

Segundo Luciana, entretanto, a redução da Selic em 1,5 ponto percentual é "ótima" porque, dentro da trajetória decrescente de juros em que o país se encontra, há um sinal positivo à frente em termos industriais. Isto pode significar no último trimestre o início de um esboço de recuperação do nível de atividade. Luciana de Sá disse que há uma melhora do ponto de vista das expectativas que levam a uma retomada, ainda que lenta e moderada, da atividade industrial.

O professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Francisco Vignoli, considerou positiva a decisão do BC. Segundo ele, a decisão mostra que o governo está agindo com prudência e que tem as rédeas da condução da política econômica.

– A queda sinaliza uma reversão de perspectivas – afirmou Vignoli.

O professor afirmou que o governo Luiz Inácio Lula da Silva recebeu uma herança complicada do governo anterior, com os indicadores econômicos bastante difíceis como a alta da inflação, a relação dívida-PIB, além da crise de confiança no país. A expectativa de Vignoli é que, até o final do ano, se mantenha essa tendência de queda gradual da Selic, "mas com prudência".

A taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) foi criada em 1979 pelo Banco Central e pela Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto com o objetivo de facilitar e dar segurança às negociações de títulos públicos. As informações são da Agência Brasil.

 
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